
Carlos Santos: “Os emigrantes são heróis que mostram o valor dos portugueses”
Carlos Manuel Ramos Santos nasceu em 1973, em França. Viveu lá até aos 11 anos, quando regressou a Portugal com a família. A adaptação nem sempre foi fácil. Deixou amigos e enfrentou uma nova realidade. Mas os pais sempre insistiram na importância de aprender português. Frequentou a escola francesa e portuguesa, o que o ajudou a crescer entre culturas diferentes.
Já em Portugal, encontrou o equilíbrio em três mundos distintos que o tornariam no homem que atualmente lidera a autarquia de Sernancelhe. Isto é, a escola, o mundo rural e artístico. Em primeiro lugar, o pai ensinou-lhe o valor do trabalho na terra. Lavrou, colheu batatas, varejou azeitona e produziu vinho. Ao mesmo tempo, desenvolveu paixão pela música. Aprendeu saxofone e conseguiu integrar bandas filarmónicas locais.
Os estudos e a política
Estudou Contabilidade no secundário e Matemática na Universidade de Aveiro. Em 1993, foi convidado para uma lista à junta de freguesia. A experiência foi desafiante. Sofreu pressões e afastou-se da política por um tempo.
Mais tarde, estagiou na divisão de obras e urbanismo da Câmara Municipal de Penedono. Não imaginava que um dia seria vereador nessa mesma Câmara.
A música que levou à carreira política
Tentou entrar no Conservatório da Gulbenkian, mas falhou. Percebeu que precisava de mais experiência. Integrou a banda filarmónica de Aveiro e, na segunda tentativa, conseguiu entrar. Mais tarde, em 1998, foi convidado para reger a Filarmónica de Ferreirim. Isso deu-lhe visibilidade e reaproximou-o da política.
Em 2001, o presidente da Câmara de Sernancelhe, José Marta Almeida Cardoso, convidou-o para integrar as eleições autárquicas. Inicialmente recusou. Em 2002, aceitou entrar no Conselho de Administração da Escola Profissional, aproximando-se da autarquia.
Em 2004, foi ameaçado com a transferência para o Alentejo. O presidente da Câmara nomeou-o chefe de gabinete, garantindo que ficava em Sernancelhe.
Em 2005, foi eleito vereador. Atualmente, é presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe. Assume o cargo como uma “herança”, após a saída do antecessor para a Assembleia da República.
O futuro de Sernancelhe

Com duas décadas na política, quer continuar a liderar o concelho. Antes de tudo, defende mandatos autárquicos de seis anos para permitir projetos de maior alcance.
Por outro lado, sonha com um Sernancelhe ordenado, sustentável e eficiente, com habitação e mobilidade acessíveis.
Por fim, reconhece o papel dos emigrantes e deixa-lhes uma mensagem de orgulho: “São heróis que, com esforço e trabalho, mostram que os portugueses têm valor, mesmo fora do seu ambiente.” Quer garantir que as futuras gerações herdam um concelho forte, de que se possam orgulhar.