Manuel Cintrão Guardado nasceu a 21 de maio de 1965, na Figueira da Foz. Cresceu na aldeia de Sampaio, onde completou o ensino primário. Mais tarde, seguiu para a Figueira da Foz, onde concluiu o ensino secundário.

As brincadeiras na escola e os jogos de futebol entre as aldeias vizinhas marcaram a sua infância. “Quando ganhávamos ou perdíamos, ao chegar ao cruzamento entre Sampaio e Matos, havia sempre confusão. Mas, assim que passávamos para o nosso lado, tudo se resolvia. A minha juventude foi repleta de festas e bailes nas aldeias da região.”, recorda. Manuel Cintrão Guardado considera estas memórias um dos seus maiores tesouros e afirma que, se pudesse, reviveria aqueles momentos.
Percurso profissional e emigração para a França
Em setembro de 1987, Manuel Cintrão Guardado emigrou para a França em busca de novas oportunidades. Iniciou a sua carreira numa empresa de renovação de fachadas, mas foi incentivado por amigos a criar a sua própria sociedade com um empresário. Após o encerramento dessa sociedade, decidiu, portanto, seguir de forma independente, mantendo a sua própria empresa de renovação até hoje. “O meu ramo é a pintura, mas tento fazer um pouco de tudo na área da renovação”, explica.
Antes de emigrar, viveu experiências marcantes. Trabalhou na pesca, realizando viagens entre Lisboa, Casablanca e Agadir. Descreve essa fase como “o melhor trabalho que tive”. Além disso, cumpriu o serviço militar durante 18 meses, especializando-se em Tomar e prestando serviço no antigo Hospital Militar, no Convento de Cristo.
Valores de amizade e respeito
Ao longo da sua vida, os valores de amizade e respeito sempre o orientaram. Deste modo, Manuel Cintrão Guardado tem amigos espalhados por diversos países, como França, Luxemburgo e América, sendo a sua rede de amizades composta por portugueses e franceses. “O mais importante é respeitar e ser respeitado”, afirma. Esses valores são a base do seu modo de vida e do seu trabalho diário.
A Associação Estrelas do Mar de Nogent-sur-Marne
O seu envolvimento com a comunidade portuguesa na França começou há mais de 30 anos, quando soube de um festival folclórico pela rádio e decidiu assistir. A partir desse momento, tornou-se presidente da Associação Estrelas do Mar de Nogent-sur-Marne, que representa a Figueira da Foz. Desde então, Manuel Cintrão Guardado tem organizado vários eventos, como bailes e aulas de português. “Hoje temos mais de 20 crianças e entre seis a oito adultos franceses a aprender a nossa língua”, orgulha-se.
Uma das suas maiores conquistas foi a reflorestação da Figueira da Foz após os incêndios de 2018. Assim, com o apoio do presidente da Câmara de Nogent-sur-Marne, enviaram 32 mil pinheiros para repovoar a área devastada. Esses pinheiros foram transportados da França e plantados pessoalmente por Manuel. “Hoje, são como os meus bebés. Sempre que vou a Portugal, visito o ‘Bosque de Amizade’ com a minha família”, revela com orgulho.
Sonho de regresso a Portugal
Embora Manuel Cintrão Guardado tenha criado raízes na França, o seu sonho continua a ser o regresso a Portugal. “Estou a preparar a minha volta, talvez dentro de dois ou três anos”, diz. Contudo, mantém fortes laços com a sua comunidade em Nogent-sur-Marne, com as suas filhas, netos e amigos. “A associação ocupa um lugar especial no meu coração”, afirma.
Mensagem de unidade e legado
Para Manuel Cintrão Guardado, ser português é uma honra. Sempre foi patriota e gosta de ajudar os outros. A sua mensagem para os portugueses espalhados pelo mundo é clara: “Devemos ser unidos e deixar as guerras de lado. Hoje estamos aqui, mas amanhã serão os nossos filhos e netos a carregar o legado”.
Assim, a vida de Manuel Cintrão Guardado é marcada pela dedicação à sua comunidade, pela solidariedade e pelo respeito. Seja no seu percurso profissional ou nas suas iniciativas culturais e ambientais, Manuel tem deixado uma marca positiva em todos ao seu redor.