Natal inspirado nas comunidades portuguesas pelo historiador Daniel Bastos sobre algumas das ações solidárias da diáspora luso no mundo
O Natal é a festa por excelência da família, da paz, do amor e da alegria. Igualmente, da solidariedade e da esperança num futuro melhor. Tal como todos desejamos que a breve trecho passe pelo desfecho da Guerra na Ucrânia e no Médio Oriente. Assim como pelo dissipar das incertezas que pairam na economia mundial e o necessário incremento do crescimento global.
É neste contexto socioeconómico intrincado, que a solidariedade, a estrela que mais brilha no Natal das comunidades portuguesas espalhadas pelos quatro cantos do mundo. E se assume como uma verdadeira fonte de inspiração e matriz civilizacional. Nos tempos desafiantes que vivemos, a diáspora lusa mantém um incessante espírito de solidariedade. Ademais, é o mais importante valor que nos humanizam e dão sentido ao Natal. Dessa forma, continua a apoiar quer os nossos compatriotas no estrangeiro, assim como os portugueses residentes no território nacional.
Natal inspirado nas comunidades portuguesas
São muitos e variados os exemplos de solidariedade dinamizada nesta quadra natalícia no seio da dispersa geografia das comunidades portuguesas. Por exemplo, na comunidade lusa em França. Antes de tudo, é a mais numerosa das comunidades portuguesas na Europa. E uma das principais comunidades estrangeiras estabelecidas no território gaulês, rondando um milhão de pessoas.
Exemplo francês
A Academia do Bacalhau de Paris (ABP), levou a cabo, uma vez mais, a iniciativa Roupa Sem Fronteiras. A saber, é uma iniciativa de recolha de roupa, calçado, roupas de casa e brinquedos para lhes dar uma segunda vida, junto daqueles que mais necessitam.
Coincidente com o falecimento de António Fernandes, presidente honorário da ABP e um dos principais impulsionadores desta iniciativa solidária.
A campanha contou este ano com a participação de mais de 70 voluntários. Juntos conseguiram organizar e enviar 28 paletes de donativos. E cada uma das paletes continha 16 caixas de roupas, calçado, brinquedos e artigos para o lar. Agora, serão distribuídos por várias associações dos concelhos minhotos de Braga, Fafe e Cabeceiras de Basto.
Há também o exemplo do Reino Unido
Outro exemplo paradigmático de espírito solidário da diáspora na quadra natalícia, acontece há vários anos na comunidade portuguesa do Reino Unido. A saber, é a segunda maior da Europa, formada por cerca de 400 mil pessoas.
Desde 2013, ano em que foi criada em Londres, a associação Abraço Solidário, que a coletividade benemérita liderada pela madeirense Zita da Silva, se tem empenhado no apoio a causas sociais. Isto é, quer junto da comunidade portuguesa no Reino Unido, como também em Portugal. No limiar deste mês, no âmbito do tradicional jantar de Natal solidário, no centro de Londres, uma vez mais angariaram donativos que vão apoiar instituições, famílias e jovens mais carenciados. Seja no Reino Unido, como em Portugal continental e na ilha da Madeira.
E ainda nos Estados Unidos
No seio da numerosa comunidade lusa nos EUA têm sido constantes as iniciativas dinamizadas em prol dos Bombeiros Portugueses. Segundo dados dos últimos censos americanos residem no território mais de um milhão de portugueses e luso-americanos. Figuras gradas da comunidade luso-americana, como por exemplo, o dirigente associativo Jack Costa, presidente da Assembleia Geral do Sport Club Português e dos Amigos do Vale USA; os empresários beneméritos José Luís Vale e David Oliveira; e o empresário de restauração Manuel Carvalho, revelaram-se, uma vez mais, decisivos na dinamização de iniciativas que permitiram a angariação de donativos em prol, respetivamente dos Bombeiros Voluntários de Arcos de Valdevez, Ourém e Anadia.
A campanha mais recente da comunidade luso-americana a favor dos “soldados da paz” aconteceu no alvorecer do presente mês., no Portuguese-American Center of Suffolk, em Farmingville. Emigrantes e dirigentes comunitários como Adelaide Catarina Ferreira, Eurico Tavares, Crystal Fernandes e Sandra Araújo, entre outros, dinamizaram a angariação de mais de 20 mil dólares em prol da aquisição de um novo veículo de combate a incêndios para os Bombeiros Voluntários de Tábua.
Por fim, o Canadá
Ainda na América do Norte, mais concretamente em Toronto, onde vive a maioria dos mais de meio milhão de compatriotas e lusodescendentes presentes no Canadá, continua a bom ritmo as iniciativas solidárias em proveito
da construção do Magellan Community Centre, isto é, a edificação a breve prazo da “casa” para os mais velhos da comunidade luso-canadiana.
Magellen Community Charities (Instituição de Caridade Comunitária Magalhães) dinamiza este projeto, há muito ambicionado pelos emigrantes portugueses na maior cidade canadiana. Uma organização sem fins lucrativos, presidida pelo comendador Manuel DaCosta, um dos mais ativos e beneméritos empresários portugueses em Toronto, que através da colaboração do poder político e da solidariedade luso-canadiana, está a edificar um lar culturalmente específico e inclusivo para a comunidade.
Orçado em 120 milhões de dólares, ainda recentemente, através da união de todos os órgãos de comunicação comunitários luso-canadianos na Grande Área de Toronto, foi possível dinamizar uma profícua iniciativa de solidariedade que envolveu as forças vivas da comunidade portuguesa, como seja o caso dos comendadores Manuel DaCosta e Frank Alvarez. E assim alcançar donativos, no valor de mais de meio milhão de dólares, essenciais no apoio à construção desta vindoura casa portuguesa.
Estes exemplos inspiradores de solidariedade. E muitos outros dinamizados no seio da diáspora, fortalecem a ideia-chave que mesmo em tempos desafiantes, o Natal é uma época inspiradora de solidariedade nas comunidades portuguesas.
Que a solidariedade que emana das comunidades portugueses nos irmane a todos a tornar o mundo um lugar melhor, e nos inspire uma Feliz Quadra Natalícia e um Próspero Ano Novo. Como exortava Madre Teresa de Calcutá, exemplo cimeiro de esperança: “É Natal sempre que deixes Deus amar os outros através de ti…sim, é Natal sempre que sorrires ao teu irmão e lhe ofereceres a mão”.
Por Daniel Bastos