Margarida Mano nasceu a 3 de dezembro de 1963, na cidade dos estudantes, em Coimbra. Foi aqui que teve uma infância feliz, de onde ainda hoje guarda memórias de um carinho grande, de uma família pequena, mas alargada. “A infância marca-nos sempre.

Embora tenha nascido e crescido em Coimbra, os pais eram de meios mais rurais e recordo com carinho experiências rurais, algumas delas, hoje, quase extintas. Por exemplo, de ver a matança do porco, fazer os enchidos. Lembro de aprender a andar bicicleta em caminhos junto ao rio Mondego. Ir ao rio era uma rotina, lembro das lavadeiras do Mondego. Tenho memórias de uma infância onde partilhava muitas experiências com crianças, algumas delas ainda se mantêm como amigas, que tinham os pais espalhados pelo mundo. Infância de afetos e de vivência diferente daquela que tive de oportunidade de continuar”.
Margarida Mano estudou sempre em Coimbra, sendo formada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Entrou na faculdade em 1981 como aluna e apenas à pouco tempo saiu da UC. “Depois do curso fiquei como assistente estagiária e, ao fim de um ano, decidi que queria ir fazer outras coisas. Surgiu a oportunidade de um novo percurso, em que estive 10 anos na banca, no Português do Atlântico”. Ao mesmo tempo, fez o Mestrado e exercia funções no banco. Começou por técnica, mas exerceu funções de gestora de conta, gerente, diretora e, ao fim de dez anos, procurou um novo sentido para a sua vida.
Decidiu fazer o doutoramento e, simultaneamente, recebeu um convite para ser administradora da UC. “Tinha 32 anos, não sabia muito bem o que era ser administradora de uma universidade, mas funcionou a motivação e a confiança de quem convida. De administradora, surgiu o convite para pró-reitora e vice-reitora, estive ao todo 15 anos”. Em 2015 começa outro período, de 5 anos. Considera um desafio inesperado e improvável, para quem a conhece. “Surgiu um convite pelo Primeiro-Ministro da altura para encabeçar a lista de Coimbra ao Parlamento. Ou seja, ser cabeça de lista pela coligação Portugal à Frente. Não tinha qualquer ligação partidária. Foi um período interessante, o período de campanha foi muito agradável, do contacto com as pessoas, e sentir a proximidade com as pessoas. No Parlamento aprendi muito, estive um mês como Ministra da Educação, em que foi um período curto, mas muito intenso”.
Terminado este período regressou a ‘casa’ até que surgiu um novo convite, onde agora se encontra, para vir para vice-reitora da Universidade Católica. “Estou numa nova fase porque não conhecia nada desta instituição”. Ao longo da sua vida, o que sempre a motivou foi aprender e conhecer coisas novas. “Uma das minhas aspirações era conhecer o mundo, conhecer pessoas e locais diferentes. Gostava ainda de ter ido ao Tibete. Gostava de estudar filosofia a sério, ou programar”, diz. Sobre os valores, valoriza a esperança. “O acreditar nos outros, em nós, acreditar que o amanhã vai ser melhor”.
Considera o associativismo uma forma de estar importante. Fez parte da Associação Académica de Coimbra e, hoje, está como presidente da FORGES – Fórum de Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa. “Eu sinto um profundo orgulho em ser portuguesa, de pertencer a um povo inconformado, que há 500 anos deu novos mundos ao mundo. Somos um povo de diáspora, um povo do mundo”.