Manuel Pedroso nasceu na América, foi criado em Portugal e voltou durante a Segunda Guerra Mundial respondendo ao apelo patriótico do presidente. Completou em Novembro de 2019 cem anos, uma marca só alcançada pelos mais resistentes. Nasceu em New Bedford, nos Estados Unidos. Os seus pais eram portugueses, de Alvados, a terra das grutas, ao pé de Mira de Aire, concelho de Porto de Mós.
Emigraram em 1914 mas depois da Primeira Guerra Mundial tiveram de regressar ao seu pais de origem. Manuel assim pisou solo português, onde foi criado e passou a ser português “como qualquer outro”, conta. Tinha 22 anos quando regressou aos Estados Unidos. “O Roosevelt fez um apelo a todos os americanos para regressarem”, recorda. O Japão tinha atacado há pouco Pearl Harbor (7 de dezembro de 1941) e o presidente Franklin Roosevelt declarava guerra também à Alemanha.
Chegou e não falava nada de inglês. Como não podia ir para a guerra, acabou por ir construir barcos. Antes, ingressou numa escola para aprender a ser soldador. “Ajudei a fazer 150 navios de guerra, aqui nos estaleiros em Providence”. Em Providence ficou até hoje, onde constituiu família com Maria Pedroso, natural de Porto de Mós, de Zambujal de Alcaria. Conheceram-se jovens em Portugal e são casados há mais de 60 anos. Hoje, já atingida a meta dos 100 anos Manuel Pedroso mantém activo o negócio que entretanto criou: o Friends Market, o que parece uma típica loja de pequena cidade americana, diferenciando-se pela bandeira portuguesa na montra.
Aqui encontra-se uma grande variedade de produtos portugueses. As duas pátrias estão-lhe no coração de igual forma, e orgulha-se de ter ensinado português aos seus dois filhos. Até uma neta quis aprender o idioma dos avós. Já centenário, Manuel Pedroso diz que tenciona continuar a trabalhar. Já não vai há algum tempo a Portugal, mas conhece bem o país, incluindo a Madeira e esses Açores de onde são originários muitos luso-americanos da região. Apesar da distância, está a par de tudo o que se passa em Portugal, preocupando-se por se manter informado. Acima de tudo, valoriza a família, mostrando-se orgulhoso pelo núcleo familiar que construiu e que pretende continuar a manter unido.