Natural de Castelo do Neiva, em Viana do Castelo, Alexandre da Cunha nasceu em 1970 e desde cedo revelou uma enorme ligação ao mar. São ainda muitas as recordações que tem das brincadeiras na praia, da apanha do sargaço com a avó, de ver os barcos a chegar do mar. “Tive uma infância sem internet e sem telemóvel, mas muito feliz, sempre com a minha mãe ao meu lado”. Filho de mãe solteira, como assim costuma dizer, com ela sempre teve grande ligação. O pai aperfilhou Alexandre da Cunha, mas logo no ano em que nasceu emigrou para França e depois para o Canadá. “Foi a minha mãe que me criou e fez o homem que sou hoje em dia”. Alexandre cedo começou a ajudar a avó nos trabalhos domésticos, fosse na agricultura ou na pesca e assim que terminou o 6º ano começou a trabalhar para ajudar a mãe financeiramente. Aí surgiu o restaurante Pedra Alta, o seu primeiro emprego com 15 anos, que conciliou durante oito anos com a pesca. “Comecei com o senhor Fagundes, o fundador do Pedra Alta, mas logo no ano seguinte apareceu o senhor Joaquim Oliveira Baptista. Trabalhava em part-time porque era também pescador profissional, tinha a carta de pescador e arranjo de pesca”. Vida de luta é a expressão que usa para caracterizar o seu caminho. Só deixou de ser pescador para cumprir a última vontade da sua mãe, antes de falecer e foi aí que se agarrou a 100% ao Pedra Alta. Tinha 22 anos e era então responsável e gerente do restaurante em Gaia, onde esteve durante seis anos. Depois surgiu a oportunidade de implementar o Pedra Alta em França e Alexandre fez as suas malas e agarrou o desafio. Em 2000 chegou a terras gaulesas e o que se viu foi um desenvolvimento enorme do Pedra Alta em Pontault-Combault, sendo hoje uma grande casa e bem reconhecida. “Contribuí muito, mas o crescimento do Pedra Alta deve-se a um grande homem, o senhor Baptista, que foi meu mentor, meu professor e também meu pai. Foi e ainda considero que é”. O inicio foi duro, mas com o desenvolvimento começaram abrir mais e mais casas. “A minha vida são 34 anos ligado ao Pedra Alta e, hoje em dia, quis fazer o meu próprio projecto. Sentia que era capaz, porque fui capaz de dar vida ao Pedra Alta em França”. Foi assim que Alexandre abriu o Mar Azul, no final de 2019. Quanto a sonhos, o que sempre desejou era uma ter uma casa bonita, pois na sua infância não teve essa oportunidade. Todos os outros bens materiais para si são hoje banais e insignificantes. Hoje o seu sonho é que todas as pessoas que trabalham consigo que possam ter os seus próprios sonhos e que os concretizem. “Eu sem os meus funcionários não sou ninguém, eu preciso deles e eles de mim”. Para si, ser português é uma honra. “Portugal foi a maior potência do mundo em 1500, somos conhecidos em todo o mundo pelos trabalhadores. Somos um pequeno país, mas uma grande nação. Estamos em todo o lado do mundo e mostramos onde estamos que sabemos fazer alguma coisa”. O que deseja a todos os portugueses é tenham muita confiança em Portugal, que lutem e mostrem o verdadeiro valor de um português quando sai do seu país. “Nós gostávamos de estar no nosso país mas, derivado a certos factores, somos obrigados a tentar uma vida melhor, mas uma vida de luta”.