Natália Marques Rodrigues nasceu em 1972, em França. É filha de pais emigrantes, por isso a emigração sempre fez parte do seu quotidiano. Recorda-se de uma infância feliz, vivida em tempos mais difíceis em que as brincadeiras eram outras, mas um tempo onde “se vivia se forma mais simples, mais descomplicada, mas talvez até mais feliz. Tenho boas recordações dos primos e da família, que é na sua maioria emigrante”. Natália formou-se na área das letras, estudando na Sorbonne, em Paris, mas o seu percurso profissional nada tem a ver com a sua formação académica. O seu pai tinha uma empresa de transportes e esse bichinho pelo mundo dos negócios e dos transportes foi crescendo. Por volta dos 20 anos começou a ajudar o pai e desde logo se apaixonou pela profissão. Hoje, é sócia, juntamente com o irmão António José Rodrigues, da Transnate, empresa de transportes sediada em Celorico da Beira. Natália e o irmão são o rosto de uma dupla que dá continuidade ao empreendimento que o pai começou em França. Natália mudou-se para Portugal, foi uma opção de vida, e tem gerido a empresa que iniciou actividade em 1998. Natália é uma mulher que impera num universo composto, maioritariamente, por homens. Não se recorda de ter tido um sonho que envolvesse um futuro para si, mas aquilo que idealizava era uma vida mais pacata, talvez sendo professora na área das letras. “Não era um sonho, mas sim uma expectativa e uma pretensão. Hoje, o meu sonho é continuar a ser quem sou e a continuar a levar este barco a bom porto”. Tanto profissionalmente como pessoalmente, há valores dos quais Natália não abdica, que são de berço e de formação. “É muito importante a seriedade, a questão de ser idónea, de cumprir e honrar os nossos compromissos. Isso é fundamental para o bom funcionamento de qualquer empresa e até para nós como ser humanos”. Ao nível solidário, Natália recorda com carinho o apoio a uma instituição de crianças desfavorecidas. Apesar de ter nascido em França, Natália assume que tem os dois lados: França e Portugal. “Gosto muito de França, mas o facto de ter vindo para cá foi uma opção e não uma obrigação. Foi uma opção de vida e se o fiz é porque de facto admiro o nosso país, mais até por uma questão cultural. Gosto das nossas gentes, gosto das pessoas acolhedoras, somos pessoas sérias, abertas e penso que esse lado me diz muito e tenho muito orgulho. Temos uma gastronomia fantástica, temos muito para mostrar ao mundo, paisagens arrebatadoras”. Natália deixa ainda uma palavra de apreço a todos os emigrantes. “Sou oriunda de França, os meus pais ainda hoje são emigrantes, parte da minha família vive em França. Tenho um respeito enorme por essas pessoas que lutaram por melhores condições de vida”.
