Daniel Ribeiro é hoje o director da Rádio Alfa, mas a sua história começou em Carregal do Sal. Nasceu em 1953 e, por isso, sabe bem o que foi o regime Salazarista. Natural da Beira Alta, região do Dão, recorda uma infância ‘livre’ numa zona agrícola. Fez o liceu no Carregado, num colégio privado, como assim predominavam nessa época. Desde os seus 15 anos que tomou consciência da natureza do regime português e da guerra colonial, empenhando-se na luta contra o fascismo. Já em Coimbra, para onde foi estudar Direito, começou a trabalhar no jornalismo, tendo começado num jornal clandestino da Universidade de Coimbra, que editava em sua própria casa. “Abordava temas como a luta pelo fim do regime, o acesso ao ensino para todos e não apenas para uma elite, e pelo fim da guerra colonial”. A partir daí, Daniel ganha o gosto pelo jornalismo e, aos 25 anos, entra no jornalismo profissional. Começa n´O Jornal, um passado longínquo da Visão, tendo depois passado para o Expresso, para o qual já trabalha há cerca de 30 anos. Chegou a França como correspondente da imprensa portuguesa, esteve quase 20 anos na RFI e, em 2000, entrou na Rádio Alfa. “Achei importante trabalhar junto da comunidade, sempre achei este projecto muito interessante”. No Expresso continua a fazer jornalismo político, e na Alfa é o director de antena, coordenando os programas e toda a informação. Em jovem, leu um livro sobre um correspondente no Líbano, e teve a certeza que era isso que desejava ser. Era um dos sonhos, a par da luta contra o regime português. “Foi para mim uma grande alegria o 25 de Abril de 1974, porque permitiu acabar com a guerra, pôr fim ao regime totalitário e permitiu acesso ao ensino por todo o país”. Hoje, Daniel tem o sonho de que todos os países e governos sejam mais solidários, que não haja extremismos e que apoiem mais os desfavorecidos. Para si a questão da desigualdade social sempre foi importante. Na profissão, exige ser correto, independente, dar as notícias com contraditório sempre, com independência e qualidade no que se faz”. Nunca esteve directamente envolvido no meio associativo, mas valoriza o apoio directo a quem conhece. Por isso, sempre ajudou os sem-abrigo da sua rua. Também valoriza o trabalho da Santa Casa da Misericórdia e o trabalho das associações com a vertente cultural. “Uma das missões mais importantes das associações é a transmissão da cultura para os lusodescendentes. Esse também é um dos papeis da Rádio Alfa, transmitir a cultura aos nossos ouvintes e fazer rádio para todos, de qualidade. Isso é difícil de fazer, uma rádio generalista para todas as pessoas, mas temos conseguido”. Para si, ser português é gostar de Portugal, e gosta muito do seu país, das suas gentes e da sua gastronomia. Considera-se um cidadão do mundo, que gosta do lugar onde nasceu. Daniel deixa uma mensagem, em primeiro lugar, para a Lusopress. “Que continue a fazer o trabalho de aproximar os portugueses, pois contribuiu para criar uma aproximação entre portugueses que não existia, colocou os portugueses todos em contacto, nomeadamente no sector empresarial. Envio também uma saudação para todos os portugueses de França e espero que gostem do nosso trabalho na Rádio Alfa”.