António Baptista emigrou com os pais para França quando ainda era pequeno. Tinha apenas 11 anos quando fez a mala, saiu da aldeia que o viu nascer e atravessou a fronteira com os pais e os irmãos. Em Paris formou-se e passou uma boa parte da sua juventude, mas com 27 anos decidiu voar mais longe e correu atrás do sonho americano. Viajou até aos Estados Unidos, instalou-se no país e criou uma família para lá do Oceano Atlântico. “Dei mais um salto e vim para os Estados Unidos”, diz-nos. “O meu sogro encontrava-se na América e naquela altura tínhamos todos o sonho americano, aquela ilusão, por isso, decidi vir também”. Depois de passar algum tempo nos EUA, António Baptista ou Tony como é conhecido entre os amigos, começou a ponderar regressar à Europa, mas o sogro decidiu apoiá-lo na criação de um negócio e acabou por ficar. Hoje já tem filhos, netos e, apesar de continuar a adorar Portugal, reconhece que estes laços estabelecidos no continente americano tornam impossível qualquer regresso. “Portugal é sempre o meu país de sonho. É onde eu passo as minhas férias, onde fico bem porque sinto que é o meu país e sempre que tenho uma oportunidade vou para lá de férias”, diz-nos, “mas tive aqui os meus filhos, eles cresceram cá, hoje já tenho netos e reconheço que é impossível voltar”. António Baptista já esteve ligado à construção civil, à restauração, fundou e dirigiu uma Escola de Karaté durante muitos anos e, graças a esse projecto, ajudou muitas crianças e jovens com problemas familiares que precisavam apenas de apoio. “Eu tenho ajudado muitas pessoas, alguns conhecidos outros não conhecidos, mas de facto ao trabalhar nas artes marciais ajudei crianças com problemas de álcool, problemas de drogas e, felizmente, consegui obter sempre bons resultados nesse trabalho. Eu notava que 75% dos problemas vinham de casa, não das crianças e acabei por ajudar a resolver muitas situações delicadas”, conta-nos. A Escola de Karaté fechou em 2015 e, actualmente, António Baptista está a trabalhar no ramo automóvel com uma oficina. Confessa que gostaria de investir na sua terra natal e pensa que “em Portugal existem as mesmas possibilidades de vencer” e triunfar. O empresário considera que os emigrantes saem do país com uma missão e lutam por vezes mais quando estão fora, quando estão longe da sua zona de conforto. “Eu acho que nós quando saímos do nosso país, saímos da nossa casa e queremos mudar de situação. No estrangeiro penso que depois trabalhamos com mais força, talvez porque queremos concretizar logo esse sonho do emigrante, mas em Portugal também seria possível e também poderíamos vencer. Aqui a nossa missão é melhorar a nossa vida. Uns conseguem, outros não, mas claro que só saímos do nosso país porque queremos condições melhores, um conforto maior e mais benefícios”, afirma. Apesar de ter vivido grande parte da sua vida fora de Portugal, continua a suspirar pelo país que o viu nascer e escolhe-o sempre como destino de férias. Descreve os portugueses como “trabalhadores, pessoas honestas e lutadoras” e pede para terem mais orgulho, para acreditarem mais nas suas conquistas. António Baptista também foi um lutador, conquistou muito para lá do Oceano Atlântico e, por isso, está nomeado para os Portugueses de Valor.