
No dia 10 de junho de 2025, Marcelo Rebelo de Sousa participou nas últimas comemorações oficiais do Dia de Portugal como Presidente da República. O evento decorreu em Lagos, no distrito de Faro, e ficou marcado por um discurso de balanço e de antecipação sobre o futuro pós-presidência.
Uma saída discreta e sem protagonismo político
Marcelo explicou, desde logo, que pretende deixar o cargo de forma gradual e discreta. “Quero sair de levezinho, ir saindo e dando o palco, exceto naquilo em que o Presidente tem mesmo de ser Presidente”, afirmou aos jornalistas.
De seguida, o chefe de Estado esclareceu que, após o fim do seu segundo mandato, não tenciona continuar a intervir na política nacional. “Não quero dar entrevistas, nem fazer comentários, nem escrever artigos ou participar em conferências sobre política. Nada disso. Quero mesmo afastar-me dessa dimensão”, garantiu.
Presença garantida nas cerimónias nacionais

Apesar da intenção de abandonar a intervenção política, Marcelo fez questão de dizer que continuará a marcar presença nas grandes cerimónias do Estado. “Estarei sempre onde for preciso: no 25 de Abril, no 10 de Junho, no 5 de Outubro e em todas as cerimónias de Estado. Só falharei se estiver impedido fisicamente”, prometeu.
Além disso, lembrou o papel institucional dos ex-Presidentes da República, que ocupam um lugar destacado no protocolo oficial. “O ex-chefe de Estado fica antes dos ministros e do líder da oposição. Tem honras militares, como teve o Presidente Eanes. Se o Presidente Cavaco Silva estivesse cá, também as teria”, destacou.
Sem nostalgia, mas com emoção
Quando questionado sobre se sentia nostalgia ao viver o último 10 de Junho como Presidente, Marcelo respondeu de forma clara. “Não sinto nostalgia. A vantagem de sair de levezinho é ir matando a saudade aos poucos, de forma saudável”, explicou. No entanto, reconheceu que o dia teve um peso especial: “Pesou, pesou”.
Por fim, Marcelo reforçou a sua visão institucional do cargo: “O Presidente da República é uma função, não é uma pessoa. As pessoas passam, mas a instituição continua”. E acrescentou: “Durante o mandato, devemos viver o cargo a 200%. Depois, temos de saber sair, para que ninguém pense que ainda estamos a tentar mandar”.