No passado dia 26 de abril, a Academia do Bacalhau de Paris (ABP) reuniu-se no restaurante La Closerie, em Claye-Souilly, para o habitual jantar-tertúlia mensal. Desta vez, o encontro teve um significado ainda mais especial: prestar apoio à pequena Maria Flor, uma menina portuguesa de três anos que enfrenta uma doença rara e incurável.

Assim, a noite ficou marcada pela emoção, pela união dos presentes e por um forte espírito de solidariedade. Num ambiente familiar e caloroso, a história de Maria Flor tocou todos os que participaram, transformando um simples jantar num verdadeiro momento de humanidade.
O apoio da ABP e o gesto solidário
O envolvimento da ABP com Maria Flor começou em fevereiro, quando a associação ofereceu uma cadeira de atividades adaptada à menina. Avaliada em 4.400 euros, esta cadeira é essencial para o desenvolvimento físico e social da criança. Alexandre Lopes, vice-presidente da ABP, entregou pessoalmente o equipamento à família, em Esposende.
Uma canção com alma e esperança
Fernanda Rodrigues, comadre da ABP e residente em Esposende, foi quem deu a conhecer a história de Maria Flor à associação. Sensibilizada com a situação, escreveu uma canção dedicada à menina, com o objetivo de dar voz à sua causa. “Dou a cara por esta menina especial, com uma doença rara, única em Portugal”, afirmou durante o jantar.
A música composta por Kappa, amigo de Fernanda Rodrigues, emocionou os presentes. A letra, cheia de ternura, exprime assim o carinho profundo que sente por Maria Flor. Um dos versos diz: “Minha Flor, minha princesa, foi no teu olhar que percebi que o nosso amor ia ser para sempre”.
Fernanda Rodrigues lançou ainda um apelo: gostaria que um cantor reconhecido interpretasse a canção. Os direitos de autor reverteriam a favor de Maria Flor, para garantir apoio financeiro no futuro.
Maria Flor: uma luta diária
Maria Flor nasceu a 2 de fevereiro de 2022. Aos seis meses, começou a ter convulsões e, após vários exames, foi diagnosticada com Acidúria D-2 Hidroxiglutárica, uma doença genética e metabólica extremamente rara, sem cura conhecida. Apenas cerca de 80 casos são conhecidos em todo o mundo.
Desde então, Daniela, a mãe, deixou o emprego para cuidar da filha a tempo inteiro, enquanto o pai, Ricardo, sustenta a família. A comunicação com Maria Flor é limitada, mas os pais aprendem a compreendê-la dia após dia. A nível sensorial, os sons são o estímulo que mais a cativa.
As terapias são essenciais: fisioterapia, terapia da fala e terapia ocupacional fazem parte da rotina da menina. A mãe sublinha que “quanto mais cedo se trabalhar com ela, maiores os progressos”. A cadeira adaptada, oferecida pela ABP, tem assim facilitado significativamente a sua interação social e o conforto diário.
Uma noite de memória e esperança

Durante o jantar, houve também espaço para recordar momentos marcantes. Assim, um minuto de silêncio homenageou o Papa Francisco, falecido a 21 de abril. Seguiu-se a celebração do 25 de Abril, com todos os presentes a cantar “Grândola, Vila Morena”.
Mas, no centro da noite esteve sempre Maria Flor, uma criança que, sem saber, une pessoas, inspira gestos nobres e mostra como a solidariedade pode mudar vidas.