Joaquim Filipe, natural do concelho de Ourém, vive em França desde 1963. Aos 18 anos, emigrou em busca de melhores oportunidades e, com o tempo, construiu uma vida feita de trabalho árduo e muitas viagens. Hoje, com 80 anos, olha para o mundo com sabedoria e preocupação, fruto de uma vida vivida entre culturas e realidades distintas.

Com orgulho, recorda: “Viajei muito. Estive na China, Rússia, Brasil, África… percorri quase todo o mundo”. Foi essa vivência internacional que moldou a sua perceção sobre as grandes questões que afetam a humanidade. A sua conclusão é clara: vivemos num mundo desequilibrado, onde os interesses económicos se sobrepõem aos valores humanos.
A globalização e a promessa falhada
Desta forma, nos anos 2000, Joaquim Filipe acreditava na globalização como um caminho de justiça e dignidade para todos. Para ele, a verdadeira globalização deveria trazer harmonia e reduzir desigualdades. No entanto, a realidade revelou-se bem diferente. “Aconteceu o oposto do que esperava”, afirma com tristeza.
Em vez de solidariedade entre nações, observa um planeta cada vez mais dividido, marcado por guerras e tensões económicas. Exemplos como a guerra na Ucrânia ferem profundamente a sua esperança num mundo mais unido. “Não entendo como é possível que ninguém diga ‘basta’ com firmeza”.
O lucro acima de tudo
Joaquim lamenta também que o dinheiro tenha tomado conta das prioridades humanas. “Vivemos numa sociedade obcecada pelo lucro, esquecendo-se do essencial: saúde, respeito, justiça”. Estes valores deveriam estar no centro das decisões políticas e económicas. Em pleno 2025, ainda sente que a humanidade caminha no sentido contrário.
Além disso, denuncia o desperdício de recursos, que poderiam ser usados para ajudar os mais necessitados. Observa, portanto, decisões como o aumento de tarifas comerciais, que, segundo diz, alimentam tensões e colocam em risco a estabilidade global.
O desafio político e o papel da empatia
Joaquim Filipe mostra-se preocupado com a instabilidade política atual, agravada pelo crescimento da extrema-direita e pela ausência de diálogo verdadeiro entre líderes mundiais. “Falta visão coletiva. Cada país puxa a brasa à sua sardinha”. Esta falta de cooperação entre nações torna impossível qualquer planeamento a longo prazo.
Mesmo assim, acredita que a mudança é possível. Para isso, é essencial promover o diálogo, o entendimento e a empatia. “Só assim poderemos evitar conflitos, crises e desigualdades”. E conclui assim com uma mensagem de esperança: apesar das dificuldades, nunca se deve desistir de lutar por um mundo mais justo e equilibrado.