Domingo, Março 16, 2025
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Último adeus ao fadista Casimiro Silva

A 24 de janeiro, a comunidade portuguesa em Paris reuniu-se no Santuário de Notre-Dame de Fátima para prestar uma emocionante homenagem a Casimiro Silva. Fadista e guitarrista de renome, Casimiro Silva dedicou décadas à divulgação do fado e à preservação da identidade portuguesa na diáspora. A cerimónia solene precedeu o último adeus no cemitério du Père Lachaise, deixando uma marca profunda na música e na cultura portuguesa.

Casimiro Silva foi, sem dúvida, uma figura incontornável do fado em França. A sua partida representa assim uma grande perda para o meio fadista, como destacou Maria-José Henriques, presidente da associação A Gaivota. “Ele foi o primeiro guitarrista que conheci aqui em França, uma pessoa por quem sempre tive um carinho muito especial e que acompanhou A Gaivota desde o início. Foi um dos primeiros membros da associação e esteve sempre ao nosso lado. Admirava-o profundamente e guardo-o no coração. Sem dúvida, o fado em França fica mais pobre sem o Casimiro”, disse.

Uma trajetória marcada pela paixão pelo fado

O percurso de Casimiro Silva começou aos 17 anos, quando foi convidado a cantar numa casa de fados em Lisboa. Desde então, a sua paixão pela música levou-o a cruzar-se com grandes nomes do fado, como Hermínia Silva e Beatriz da Conceição. Em 1978, Casimiro fixou-se em França, onde se tornou rapidamente uma referência no meio do fado. O seu talento e generosidade conquistaram portanto todos que com ele privaram. Luís Gonçalves, antigo presidente da Academia do Bacalhau, lembrou com carinho: “Com ele, estava sempre tudo bem. Nunca havia conflitos. Era uma pessoa simpática e de espírito pacífico. Pessoas como o Casimiro fazem-nos falta”.

O legado de Casimiro Silva no fado

O amigo e companheiro de palco, Manuel Miranda, também expressou a sua dor pela perda de Casimiro Silva. “Com ele, o fado fica mais pobre. Foram muitos anos a tocar juntos, e com a sua partida, perco um amigo, um grande músico e, acima de tudo, um grande homem”, revelou. A generosidade e disponibilidade de Casimiro para ajudar os outros foram ainda traços frequentemente lembrados por aqueles que o conheceram. Inês Esteves, também fadista, afirmou: “Era uma pessoa extremamente generosa, sempre disponível para ajudar. A sua ausência será profundamente sentida”.

Música e emoção na cerimónia de despedida

Último adeus ao fadista Casimiro Silva

Dessa forma, durante a cerimónia de despedida, a música desempenhou um papel central. Felipe de Sousa, um dos colaboradores mais próximos de Casimiro, partilhou um momento único da sua trajetória ao lado do mestre. “Trabalhámos juntos durante 20 anos. O fado de despedida, um poema que Casimiro escreveu, foi a nossa forma de lhe dizer adeus”, explicou. Essa peça musical simbolizou não apenas a despedida de um amigo, mas também uma homenagem profunda e cheia de carinho.

O impacto duradouro de Casimiro Silva

Casimiro Silva não foi apenas um grande artista; foi também um amigo querido e um ser humano excecional. Ana Vaz, fadista e amiga, destacou o espírito alegre e genuíno de Casimiro Silva, que conquistava todos à sua volta. “A sua ausência deixa um vazio difícil de preencher”, disse. Cláudia Costa, também fadista, lembrou o legado que ele deixa: “Casimiro foi um verdadeiro pioneiro do fado. Ele será sempre lembrado pela sua generosidade e pelos momentos partilhados”.

No Santuário de Notre-Dame de Fátima, em Paris, a comunidade reuniu-se para honrar um homem que foi muito mais do que um artista. Deste modo, Casimiro Silva deixa um património imensurável na história do fado, perpetuado nas memórias e nos corações de todos os que tiveram o privilégio de o conhecer. O seu fado não se cala, e a sua presença continuará assim viva em cada melodia, em cada verso e em cada saudade cantada.

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