A Santa Casa da Misericórdia de Paris (SCMP), uma instituição que tem apoiado os mais vulneráveis na capital francesa há três décadas, enfrenta sérios desafios financeiros. O jantar de gala, realizado no passado dia 16 de novembro, na Sala Vasco da Gama, em Valenton, foi mais do que uma celebração: foi um apelo urgente para salvar uma organização essencial, mas em risco de extinção. A SCMP, que sempre se baseou na solidariedade para cumprir a sua missão, necessita de apoio para garantir a sua continuidade.
Desafios financeiros e o risco de fechamento
Apesar do seu impacto significativo, a SCMP atravessa um período crítico. O número de pedidos de ajuda tem aumentado constantemente, enquanto os recursos financeiros permanecem escassos. A instituição encontra-se num pequeno escritório partilhado, sem espaço adequado para armazenar os bens essenciais que distribui. Para complicar ainda mais a situação, a Câmara Municipal de Paris poderá recuperar o espaço em março de 2025, caso a SCMP não consiga arrendar o local na totalidade. Ilda Nunes, provedora da SCMP, explicou à LusoPress: “Os subsídios que recebemos não podem ser usados para salários ou rendas. Precisamos de fundos adicionais para garantir a nossa sobrevivência.”
A SCMP depende essencialmente de doações para manter a sua atividade. A solidariedade da comunidade tem sido fundamental, com um número crescente de empresas e indivíduos a apoiarem a causa. No entanto, Ilda Nunes salientou que “sem donativos, a Santa Casa corre o risco de fechar”. Este encerramento causaria grandes dificuldades não só para a instituição, mas também para outras entidades, como o Consulado-Geral de Portugal em Paris, que frequentemente recorre à SCMP para apoiar situações de emergência.
A Cônsul-Geral de Portugal em Paris, Mónica Lisboa, destacou a colaboração estreita entre o Consulado e a SCMP. “A Santa Casa tem sido um pilar fundamental para a nossa comunidade, ajudando-nos a responder rapidamente a situações complicadas. Sem ela, muitas pessoas ficariam desamparadas”, afirmou. A cônsul-geral apelou, ainda, ao apoio contínuo à SCMP para garantir o seu crescimento e sustentabilidade.
Missão da SCMP: Solidariedade na comunidade
Apesar das dificuldades financeiras, a SCMP continua a ser uma referência importante para aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade. Através de diversas campanhas de solidariedade, como a distribuição de alimentos e produtos de higiene, a SCMP oferece apoio não só material, mas também emocional. Um dos momentos mais especiais do ano é o “Natal das Crianças”, que, segundo Ilda Nunes, é profundamente tocante para todos os envolvidos. “É um momento de união, onde as famílias e os voluntários se reúnem para partilhar alegria e esperança.”
De 1 a 30 de novembro, a SCMP promoveu a sua primeira Campanha Nacional de Solidariedade, que teve como padrinhos a escritora Lídia Jorge e o embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte. A campanha apelou à doação de fundos e bens essenciais, como leite, fraldas e produtos de higiene. Ilda Nunes afirmou que a resposta da comunidade tem sido positiva, mas a necessidade de mais apoios continua urgente.
No dia 7 de dezembro, a SCMP irá organizar uma jornada social no Consulado-Geral de Portugal, para celebrar os seus 30 anos de existência. Este evento contará com conferências e a atuação do músico Francisco Fanhais. Mónica Lisboa salientou a importância da iniciativa, dizendo que as jornadas são uma oportunidade para a comunidade compreender o impacto do trabalho da Santa Casa e para angariar o apoio necessário para garantir o seu futuro.
A SCMP continua a ser uma linha de apoio fundamental para muitos portugueses em França. No entanto, para assegurar a sua continuidade, precisa urgentemente de mais apoio financeiro. Ilda Nunes reforçou: “Sem o apoio da comunidade, não conseguiremos manter a Santa Casa como um porto seguro para os mais vulneráveis.” O futuro da instituição depende da solidariedade de todos.