No dia 7 de novembro, o restaurante Assador Típico, em Orléans, foi o palco escolhido para o lançamento de um projeto que une tradição e inovação: a malga de vinho da Quinta da Pacheca. Criada pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, esta peça é uma reinterpretação de um utensílio tradicional português, agora com um design contemporâneo, mantendo viva uma parte essencial da nossa cultura.
A malga de vinho tem origens que remontam à Idade Média, sendo um utensílio comum em várias regiões de Portugal. Originalmente utilizada para degustar vinho, especialmente o tinto, a malga servia não apenas como copo, mas também como uma ferramenta para avaliar a qualidade do vinho. A sua cor branca e a cerâmica permitiam observar os rastros deixados pelo vinho na borda, um símbolo da intensidade e da cor do néctar. Para muitos, beber vinho na malga é uma experiência nostálgica, que remete à infância e aos momentos em família.
Ricardo Santos, diretor de marketing da Quinta da Pacheca, sublinhou a importância de resgatar esta tradição. “A malga reflete a identidade da Quinta da Pacheca, que tem como missão preservar as tradições portuguesas. Até ao século XIX, os copos de vidro não existiam, e o vinho era consumido em canecas ou malgas de barro. Ao recuperar esta prática, queremos destacar uma tradição única de Portugal, que é quase desconhecida em outras partes do mundo”, explicou.
A malga e a descomplicação do vinho
Em um contexto em que o culto à sofisticação do vinho tem vindo a crescer, surge uma reflexão importante sobre o consumo de vinho de forma acessível e sem complicações. Ricardo Santos afirmou à LusoPress que o vinho não deve ser um produto elitista. “Acreditamos que beber vinho deve ser uma experiência prazerosa, sem a necessidade de um conhecimento profundo”, disse. Desta forma, o diretor de marketing criticou a tendência de complicar o consumo de vinho, o que pode afastar os jovens e consumidores mais casuais. “A malga representa um convite para desfrutar o vinho de forma descontraída, sem as pressões de regras rígidas”, concluiu.
O design contemporâneo de Álvaro Siza Vieira
A versão moderna da malga, desenhada por Álvaro Siza Vieira, combina a tradição com um design elegante e funcional. Com 13 cm de diâmetro e 7 cm de altura, a malga apresenta linhas minimalistas e ergonómicas, que tornam a experiência de beber vinho ainda mais especial. A cor imaculada da cerâmica destaca as tonalidades dos vinhos e potencia a liberação de aromas, criando uma experiência sensorial única.
David de Matos, cogerente da Agribéria, enfatizou à LusoPress a importância do ritual de beber vinho neste utensílio. “A malga não é apenas um recipiente, mas um gesto profundamente enraizado na cultura portuguesa, que promove a partilha e a união. Este simples gesto de beber vinho numa malga traz à tona a beleza da simplicidade e da tradição.”
O futuro da malga: inovação e expansão
A malga de vinho da Quinta da Pacheca não é apenas um objeto cerâmico, mas um símbolo da tradição portuguesa. Ao mesmo tempo, ela desafia os códigos de consumo do vinho, oferecendo uma abordagem mais inclusiva e acessível. “A malga tem um enorme potencial, principalmente porque permite que o vinho respire de forma mais rápida, intensificando os seus aromas”, afirmou David de Matos. Com o Natal a aproximar-se, a Quinta da Pacheca espera que a malga seja um presente especial nas mesas de celebração, não só em Portugal, mas também além-fronteiras.
Com o sucesso do lançamento, que contou com a presença de 70 convidados, está claro que a malga de vinho da Quinta da Pacheca é mais do que um produto: é uma celebração da nossa cultura, um convite à redescoberta do prazer simples e autêntico de beber vinho.