O verão em Portugal é sinónimo de regresso a casa para milhares de emigrantes. Vêm de vários pontos do mundo. Retornam à terra-mãe para gozar um merecido período de férias, e simultaneamente matar saudades da família e dos amigos.
As aldeias do interior enchem-se por esta altura de vida, de dinâmica no comércio. Mas também de ânimo nas festividades, de abraços reconfortantes. E de casas que se abrem, quando ao longo de quase todo o ano se encontram fechadas. Isto enquanto aguardam a visita de muitos dos seus donos que demandam no estrangeiro melhores condições de vida. Um cenário de bem-estar que nesta época estival olvida momentaneamente o acentuado despovoamento e envelhecimento do interior do país.
De facto, muitos dos emigrantes, os mais genuínos embaixadores de Portugal nos quatro cantos do mundo, mantém um profundo apego aos seus torrões de origem. E todos os anos dão um contributo fundamental para a subsistência da cultura, tradições e dinâmicas das suas povoações.
Um desses exemplos paradigmáticos encontra-se plasmado na figura empreendedora e benemérita do emigrante luso-americano John Guedes. É natural de Vilas Boas, uma freguesia do concelho de Chaves, atualmente com pouco mais de 150 habitantes. O transmontano emigrou para a América no alvorecer da década de 1960. Tinha 10 anos de idade. Ademais, foi uma época em que o fardo da pobreza, da interioridade e a estreiteza de horizontes na região trasmontana, durante a ditadura, compeliu uma forte vaga migratória para o centro da Europa e para a América.
Detentor de um percurso que computou nos anos 70 a formação académica em arquitetura no Norwalk State College, no estado americano do Connecticut. Posteriormente, John Guedes fundou no ocaso dessa década a Primrose Companies. Acima de tudo, uma empresa de arquitetura e construção, sediada em Bridgeport, a cidade mais populosa do Connecticut. Dessa forma, é especializada em projetos de construção de escritórios comerciais, multiresidenciais e médicos no Connecticut e em Nova Iorque.
John Guedes: o apego à terra de origem
O arquiteto luso-americano tem mantido um constate apego ao seu torrão natal através de um extraordinário sentimento benemérito. Na sua aldeia natal, onde regressa amiúde, entre outros exemplos notáveis de filantropia, pagou o terreno onde está o campo de futebol. E ainda, financiou a abertura de um caminho e a construção de um parque de lazer, patrocina jornadas culturais e a festa anual da aldeia. Por fim, doou igualmente cem mil euros para a construção da sede da associação cultural local.
O espírito generoso de John Guedes tem-se estendido também, ao longo dos últimos anos, ao Patronato de São José, em Vilar de Nantes. Esta é uma instituição flaviense de solidariedade que acolhe crianças do sexo feminino.
E à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vidago. Neste caso, já doou um monitor de sinais vitais e uma Ambulância de Socorro devidamente equipada, no valor de 60 mil euros. Por outro lado, entregou um donativo para equipar todo o Corpo de Bombeiros com farda número 2. E ainda a aquisição de uma viatura de comando e duas destinadas a transporte de doentes não urgentes.
Ainda mais, no ano passado, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que trouxe o Papa Francisco a Portugal, o emigrante benemérito luso-americano custeou toda a logística inerente à participação de mais de três dezenas de jovens transmontanos.
Naturais das povoações de Vidago, Boticas, Vilela do Tâmega, Loivos, Vilarinho das Paranheiras e Adães, territórios onde são notórias as marcas do despovoamento e envelhecimento do interior do país, os jovens transmontanos usufruíram de uma experiência singular que lhes possibilitou conhecer outros jovens de diferentes continentes, graças ao espírito generoso e solidário do ilustre concidadão.
Por Daniel Bastos