Terça-feira, Setembro 17, 2024
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Presidente da Assembleia Nacional avisa comunidade portuguesa para temer extrema-direita 

A presidente cessante da Assembleia Nacional afirmou à Lusa que a comunidade portuguesa residente em França deve temer um Governo da União Nacional. Yaël-Braun Pivet salienta que o partido propõe um projeto que discrimina os cidadãos com dupla nacionalidade.

A presidente cessante da Assembleia Nacional afirmou à Lusa que a comunidade portuguesa residente em França deve temer um Governo da União Nacional.

“A União Nacional (Rassemblement National (RN), em francês) propõe hoje uma política de divisão, xenófoba e que separa as pessoas entre os que detêm a dupla nacionalidade e os que só têm a nacionalidade francesa. É muito grave”, afirmou Yaël-Braun Pivet em declarações à agência Lusa à margem de uma ação de campanha no centro de Paris.

Comunidade portuguesa deve temer extrema-direita 

A presidente da Assembleia Nacional francesa – a câmara baixa do parlamento – aludia a uma proposta da União Nacional para impedir que os cidadãos franceses que têm uma segunda nacionalidade acedam a certos empregos da função pública.

Segundo o partido, seriam “muitos poucos casos”, reservados a setores “extremamente sensíveis” do Estado, como a diplomacia, a segurança ou a defesa.

Para a presidente cessante da Assembleia Nacional francesa, esta proposta “de certeza que é inconstitucional”. Primeiramente, porque viola o princípio, consagrado no primeiro artigo da Constituição francesa. Tal estabelece “a igualdade, perante a lei, de todos os cidadãos, sem distinguir a origem, raça ou religião”.

Para a quarta figura do Estado francês é uma proposta “a nível intelectual, ético e filosófico, contrária a toda a história da França e à identidade do nosso país”.

Questionada assim se considera que a comunidade portuguesa residente em França deve temer um Governo da União Nacional, Braun-Pivet respondeu: “Acredito que sim”.

“É preciso que a França fale a uma só voz”

Nestas declarações à Lusa, a presidente da Assembleia Nacional avisou ainda que um eventual Governo extremista em França seria “muito problemático” a nível europeu. Igualmente, e em particular no apoio à Ucrânia, uma vez que gera “tensão entre os dois líderes do executivo. Por um lado, o Presidente da República e, do outro lado, o primeiro-ministro, assim como os respetivos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa”.

Questionada assim se considera que a comunidade portuguesa residente em França deve temer um Governo da União Nacional, Braun-Pivet respondeu: “Acredito que sim”.

“Nestes momentos de tensão, é preciso que a França fale a uma só voz. Nesse sentido, o Presidente Macron tem representado a voz da França a nível internacional de uma forma extremamente brilhante e reconhecida. Seria de evitar que agora um Governo de outra cor política viesse interferir com essa mensagem”, salientou.

Yaël Braun-Pivet é a primeira mulher a desempenhar o cargo de presidente da Assembleia Nacional francesa. Isto depois de ter sido eleita em junho de 2022, na sequência das eleições legislativas daquele ano que deram uma maioria relativa à coligação presidencial, com a eleição de 245 deputados.

Inicialmente militante do Partido Socialista francês, Braun-Pivet aderiu em 2016, ano da sua fundação, ao partido criado por Emmanuel Macron, República em Marcha (La Republique en Marche, em francês).

Em 2017 e 2022, Braun-Pivet conseguiu ser eleita deputada no quinto círculo eleitoral das Yvelines, nos arredores de Paris. Este ano, apesar de ser crítica da decisão de Emmanuel Macron de dissolver o parlamento, decidiu recandidatar-se no mesmo círculo eleitoral. Posteriormente manifestou-se disponível para voltar a assumir o cargo de presidente da Assembleia Nacional.

As eleições legislativas em França realizam-se em duas voltas, marcadas para 30 de junho e 07 de julho, como prevê o sistema eleitoral francês. 

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