A campanha para contabilizar os luso-americanos no Censo 2020 está a ter uma resposta “esmagadoramente positiva” por parte da comunidade, disse à Lusa a diretora do Conselho de Liderança Luso-americano (PALCUS) Marie Fraley.
Intitulada “Make Portuguese Count”, a campanha está em operação há 18 meses e conta 77 capitães, que asseguram o contacto e divulgação nas comunidades de 16 estados, e 234 organizações afiliadas. Embora inicialmente alguns membros das comunidades luso-americanas questionem o objetivo do Censo nacional que começou a 12 de março e a diligência da campanha para escrever “Português” na identificação de origem étnica, a adesão à iniciativa é grande. “Assim que as razões são explicadas e ouvem que não fomos contabilizados no último recenseamento decenal de 2010, ficam surpreendidos e até indignados”, disse à Lusa Marie Fraley. “É claramente o ‘Orgulho Português’ que está a impulsionar a sua participação”.
O esforço do PALCUS espalhou-se pelos estados com comunidades lusodescendentes mais expressivas e teve especial atenção às localidades onde as populações têm menor proficiência na língua inglesa, como é o caso de New Bedford e Fall River, no Massachusetts. A pandemia covid-19 colocou um travão nas iniciativas presenciais de promoção da resposta e os eventos com a comunidade que os capitães designados pelo PALCUS estavam a efetuar. Todas as ações passaram para meios não presenciais, mas a diretora sublinhou que “a maior parte desse trabalho já foi feito” no último ano e meio, com mais de 210 eventos com capitães por todo o país. “Por causa do trabalho dos capitães, a maioria dos luso-americanos está familiarizada com a mensagem de participar no Censo 2020 e porque é que é tão importante para a nossa comunidade”, explicou Marie Fraley. “Agora, mesmo no meio desta crise, podemos apoiar-nos na divulgação mediática para reforçar a mensagem que as pessoas andam a ouvir há meses”.
Além do Facebook, que tem sido a principal ferramenta de divulgação online, a campanha mediática está a chegar à comunidade em meios em português como a RTP Internacional, SIC Internacional, The Portuguese Channel, Tribuna Portuguesa, The Portuguese Times, O Jornal e rádios regionais como a WJFD 97.3-FM e Rádio Voz do Emigrante. Uma colaboração com a Lunaer permitiu criar um vídeo tutorial em português que está a circular no site da campanha, YouTube e Facebook. Só nesta rede social, a página da campanha tem um alcance de 100 mil utilizadores e está a publicar vídeos curtos com respostas a perguntas frequentes. “Também temos noção de que nem toda a gente na comunidade usa redes sociais ou computadores, por isso os nossos capitães estão a usar as suas listas de email e a fazerem telefonemas para chegarem às pessoas, em especial nos segmentos mais velhos e tradicionais da comunidade”, contou Marie Fraley, “Por sua vez, essas pessoas contactam os capitães locais a pedirem ajuda para preencher os formulários de recenseamento”.
A distribuição dos capitães depende da geografia e densidade populacional. A Califórnia, com uma população luso-americana de quase 350 mil pessoas, tem 16 capitães, enquanto no Havai, onde se contabilizam 50 mil lusodescendentes, há 4. Rhode Island, que tem 100 mil portugueses numa área geográfica mais pequena, conta 6 capitães. “O tempo dirá que efeito a pandemia terá nas contas finais”, disse Marie Fraley. A responsável acredita que devido à publicidade vigorosa feita pela agência do censo e o trabalho local feito pela sua rede de 300 mil parceiros, entre os quais o PALCUS, os resultados serão bons. Até porque, indicou, muitas pessoas “poderão ter mais tempo” para responder agora que estão em casa. De acordo com os dados oficiais da agência governamental responsável pelo Censo, 23,6% dos lares nos Estados Unidos já responderam. O prazo final para responder online, por correio ou por telefone termina a 31 de julho.
FONTE: LUSA