Sexta-feira, Maio 10, 2024
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Portugueses de Valor 2018: Manuel Alves

Estávamos nos arredores de Paris, mais precisamente em Orly, à procura da sede da empresa de Manuel Alves. Pelo telefone foi-nos dando algumas indicações e finalmente encontrámo-lo numa rua ao virar da esquina. Manuel regressava das obras e estava ainda com o pensamento preso aos seus afazeres. Despertou com a alvorada, como todos os dias, desde que saiu da sua aldeia com apenas 14 anos e emigrou. Paris vivia uma das semanas mais quentes do ano, com os termómetros a bater acima dos 30°, por isso, Manuel Alves não hesitou e convidou-nos logo para uma bebida. “Ali, no fundo da rua, há um café português. Vamos lá beber uma água fresca”, diz-nos.

Em França reaprendeu a viver, trocou o pulmão da aldeia de Ponte de Lima pelo coração da movimentada capital parisiense, mas apesar de ter ficado a milhares de quilómetros da sua terra natal, conseguiu sempre encontrar um núcleo luso, um lugar capaz de o aproximar de casa, um café onde se pede um Pastel de Nata e uma bica em bom português. O espaço era também uma casa de jogos, uma espécie de mini casino e pelo chão multiplicavam-se os papéis de apostas falhadas dos jogadores. “Eu nunca gostei de jogar nestas coisas. Achei sempre que é um vício complicado, mas algumas pessoas estragam a vida delas nisto”, disse-nos enquanto abria as garrafas de água e enchia os copos. A aposta da sua família em França foi acertada, sem dúvida, mas mais de 40 anos depois mantém-se intacta a vontade de regressar e, em França, Manuel Alves sente que o copo está sempre mais vazio do que cheio. O empresário não esquece as lágrimas que deixou naquela terra batida quando precisou de se despedir da avó e sonha com um regresso desde essa data.

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