A ilha do Faial, nos Açores, viu nascer João Pinheiro, mas tem sido os Estados Unidos da América que têm presenciado a vida empresarial de sucesso deste português. Nasceu em 1942 e esteve nos Açores até aos 17 anos, altura em que se deu a erupção do Vulcão das Capelinhas, facto que o fez mudar de vida.
“Na altura, o presidente John F. Kennedy instituiu uma lei especial para as pessoas afetadas pela erupção poderem emigrar para os Estados Unidos. O meu pai decidiu aceitar e viemos para aqui em 1959. A minha primeira lembrança é chegar aos Estados Unidos com a ideia de continuar os estudos, mas por norma os emigrantes não estudavam, iam logo trabalhar. Ao princípio esta ideia custou-me um bocado, mas hoje em dia sou feliz por estar onde estou e por ter duas culturas, a portuguesa e a americana”.
Foi no Estado de Massachusetts que João Pinheiro se instalou e construiu o seu percurso de vida, pessoal e profissional. Começou por jogar futebol num clube semi-profissional, facto que lhe foi garantindo fazer alguns amigos e perceber como funcionava a sociedade americana. Algum tempo depois, já casado, juntamente com o seu sogro decidiu abrir uma oficina bate-chapas. Começaram apenas duas pessoas, hoje são 22 colaboradores. “Ganhámos, com muito orgulho, o prémio de melhor oficina de South Coast Massachusetts. Este projecto levou tempo a chegar ao ponto onde estamos hoje, mas conseguimos. Viemos para um país estrangeiro, e chegámos com muitas dificuldades à posição que temos hoje. Tivemos sorte de estar rodeados por pessoas que tinham conhecimentos, e nos ajudaram a dar seguimento a este projecto”.
João Pinheiro é também um homem que nunca desiste dos seus sonhos e pensa não ter idade para os alcançar, independente do sonho. Impedido de continuar os estudos em jovem, foi há sensivelmente dez anos que conseguiu tirar um curso superior. “Tirei o curso por orgulho, não me serve de nada, mas eu queria ter este curso para poder realizar o meu sonho. É verdade que há 30 anos não o consegui tirar, mas isso ficou dentro de mim e por força de vontade graduei-me em Nashville”.
Por isso mesmo, define-se como um homem com vontade de aprender para chegar cada vez mais longe. “Eu nunca estou satisfeito, mesmo com a idade que eu tenho estou sempre à procura de algo para melhorar e aprender. Nós temos de querer inovar e de aprender”. João Pinheiro continua fortemente envolvido na comunidade portuguesa, tendo sido o fundador do Clube União Faialense e do Azorean Maritime. Foi também fundador de duas associações de bolsas de estudo para ajudar crianças portuguesas nascidas nos Estados Unidos. “Para mim é um orgulho próprio poder ajudar quem necessita, e ajudar alguém a realizar os seus sonhos”.
Admite ter um grande orgulho em ser português, açoriano e faialense. “Também tenho muito orgulho de viver nos Estados Unidos, país que me recebeu. Tenho duas culturas, mas nunca vou deixar a cultura portuguesa. Os portugueses que vivem em Portugal às vezes não têm a ideia real do que é ser emigrante, e do que é viver fora do país. Nós que vivemos aqui, sentimos mais do que muitas pessoas que vivem em Portugal. Nós vivemos Portugal, nós gostamos de Portugal e temos saudades de Portugal”.