Segunda-feira, Maio 13, 2024
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O que precisa de saber antes de emigrar

“Onde há um português há sempre dois ou três”. São cada vez mais os portugueses que emigram, consequência talvez do nosso passado conquistador. Porém, não vão em busca de aventura, mas sim de melhores condições de vida e salários mais aliciantes. Se vai emigrar, conheça as nossas dicas.

Diz o ditado que “Onde há um português há sempre dois ou três”. Efetivamente, somos um povo de emigrantes, consequência talvez do nosso passado conquistador e de grandes descobertas. Porém, cada vez mais portugueses emigram não pela aventura, mas sim pela busca de melhores condições de vida e salários mais aliciantes.

De facto, a emigração continua a aumentar. Só em 2018 emigraram cerca de 81 mil portugueses, e este nem é o valor mais alto. Aliás, é necessário recuar até 2010 para encontrar um número de saídas tão baixo. No pico da crise, em 2013, emigraram cerca de 120 mil portugueses.

Emigrar deve ser o resultado de um processo de alguma preparação e ponderação, pois se o fizer de forma impulsiva o resultado pode ser o agravamento da situação na qual se encontra. No artigo de hoje, reunimos um conjunto de informações pertinentes, relevantes e úteis para os portugueses que estão a pensar emigrar. 

Vai emigrar para trabalhar? Informe-se, prepare-se, previna-se! 

Infelizmente, nos últimos anos tornou-se mais comum do que desejaríamos ver notícias de portugueses emigrados que passam por grandes dificuldades e que são enganados quanto aos salários e às condições de trabalho. Em alguns casos, acabam mesmo por sofrer situações de escravisão laboral. 

Antes de embarcar, INFORME-SE

A falta de preparação e de informação pode levar os emigrantes a apanharem grandes sustos à chegada. Antes de ir, procure ter contrato de trabalho em vista e quando se estiver a candidatar, esteja atento a tentativas de burla ou extorsão. 

Nunca envie dinheiro para suportar qualquer despesa relacionada com a sua contratação, não dê informações sobre cartões de crédito, débito ou sobre contas bancárias e, finalmente, não forneça dados pessoais que não sejam necessários para a candidatura. 

Lá fora, as ofertas de trabalho parecem sempre bastante aliciantes, principalmente se estiver em situação de desemprego ou de trabalho precário. Porém, é fundamental que não se deixe levar e que se informe muito bem antes de partir. 

PREPARE-SE para o seu novo trabalho e para a sua nova vida

Antes de se aventurar, pesquise pela empresa para a qual vai trabalhar. Faça uma pesquisa rápida, pergunte ao Google, encontre as redes sociais, procure por pessoas que já trabalham nessa mesma empresa. Parece-lhe confiável e fidedigna? 

Também pode consultar portais destinados a proteger os cidadãos de esquemas duvidosos ou tentativas de burla. Experimente o FakeCheks.Org ou o Anti-Fraud Internacional. Se ainda assim tiver dúvidas, não tenho medo de ir mais longe: verifique junto da embaixada ou do consulado do país.

Não tenha problema em pedir o contrato à empresa antes de partir. Tendo em conta que vai mudar de país, empresas sérias e de confiança não terão problema em fazê-lo. 

Antes de partir, tente angariar o maior número de informações possível sobre a empresa de destino: 

  • Qual o local de trabalho? Onde fica?
  • Qual a carga horária diária e semanal? 
  • Existem regras do trabalho suplementar? Se sim, quais? 
  • Existe seguro de acidentes de trabalho? 
  • Qual é a periodicidade e forma de pagamento?

Sim, lá fora os salários são mais competitivos, mas também o é o mercado. Terá de enfrentar a concorrência de centenas de profissionais igualmente motivados (e por vezes mais bem qualificados) e o elevado nível de exigência técnica, principalmente em áreas como a engenharia e a construção. 

Tente perceber se a profissão que vai exercer está condicionada por alguma razão. O processo de reconhecimento profissional pode ser demorado e obrigar à apresentação de certa documentação ou realização de provas de conhecimentos ou de línguas, cujos custos podem ser elevados. Informe-se junto da sua ordem profissional ou de outros órgãos representativos como associações ou sindicatos.

Muitos portugueses emigram para trabalhar na área da construção. 

 

Qual o papel das agências privadas de colocação? 

As agências privadas de colocação têm como principal atividade a colocação de candidatos a emprego no mercado de trabalho, atuando como intermediárias entre a procura e a oferta de emprego.

Caso consiga emprego no estrangeiro através destas agências, tem direito às mesmas condições de trabalho dos nacionais do país de destino. O serviço prestado pelas agências tem de ser gratuito e deve assegurar alojamento adequado e acesso a cuidados médicos, medicamentos e tratamentos hospitalares nas mesmas condições que teria em Portugal.

Antes de assumir um compromisso, procure informações sobre essa mesma agência junto do Instituto do Emprego e Formação profissional (IEFP),  através dos serviços públicos de emprego do país de destino ou na rede EURES, que agrega mais de 30 estados europeus. 

A documentação 

Tenha em atenção a data de validade do bilhete de identidade/cartão de cidadão e do passaporte eletrónico, caso emigre para fora do espaço Schengen. Um outro documento importante é a Licença Internacional de Condução (LIC), que pode ser solicitada no Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) e tem um período máximo de um ano. 

Deve ainda comunicar a alteração de residência nas finanças e estar atento a uma possível isenção de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) ou a alterações no valor de Transmissão Onerosa de Imóveis (IMT). Além disso, se estiver a receber subsídio de desemprego em Portugal, pode continuar a recebê-lo num país do espaço Schengen.

Para certas ofertas de emprego pode  ser necessário uma certidão de registo criminal ou uma certidão de nascimento. Se for para um país do Espaço Schengen, não se esqueça de pedir o Cartão Europeu de Saúde (CESD), que garante assistência médica em qualquer Estado Membro. 

Caso emigre para um país que assim o exija, vai ter de requerer um Visto de Trabalho ou de Residência. Estes vistos têm prazo de validade, mas mais tarde podem ser renovados ou convertidos para autorizações permanentes. Saiba que é mais fácil obter vistos de trabalho ou residência com um contrato de trabalho. Caso contrário, corre o risco de ser enviado novamente para Portugal. 

PREVINA imprevistos 

Recomendamos também que vá com um pé de meia. Por mais planeamento que tenha feito, a verdade é que imprevistos acontecem e poderão aparecer despesas com as quais não estava a contar. Prepara-se para esta eventualidade e  conte com algumas despesas: renda, alimentação, documentos e certificados, transportes ou até mesmo uma viagem de regresso. 

Sugerimos também que procure apoio de quem já vive no país para onde pensa emigrar. Somos humanos: é normal que se sinta saudades de casa, da família e da sua vida em Portugal e tenha algumas dificuldades, principalmente no início. Tenha uma rede de apoio em quem pode confiar. Por exemplo, procure grupos de portugueses emigrados. Para além de haver um grande número deste tipo de grupos, os seus membros estão sempre prontos para ajudar. 

Antes de emigrar, informe-se, prepara-se e previna-se. Seja para onde for, a Lusopress vai lá estar a unir os portugueses. 

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