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Portugueses de Valor 2020 – Nomeada Beatriz Peixoto

Foi na freguesia de Vandoma, no concelho de Paredes, que nasceu Beatriz Fernanda Ferreira da Fonseca Peixoto. Corria o ano 1956 e o mundo ganhava uma cidadã lutadora pêlos direitos humanos. Da infância, ainda passada em Portugal, recorda as suas origens e o convívio entre as famílias em Vandoma e Baltar. Em 1970 ocorre uma viragem na sua vida, tendo de emigrar para França com a sua mãe e irmã mais nova. O seu pai e o seu irmão já se encontravam em terras gaulesas, na altura em que esteve fugiu ao serviço militar em África. Beatriz Peixoto chega a França como clandestina, mas rapidamente começa a traçar o seu rumo neste novo país. Tinha 12 anos e levava consigo o certificado de estudo português da 4ª classe. Começar novos estudos era uma situação complicada e de difícil acesso, por isso começou a aprender a língua francesa com uma vizinha. “Com 14 anos, comecei a trabalhar um pouco, fazendo limpeza nuns imóveis com uma senhora portuguesa, mas não tinha direito a papeis”. Em 1972 começou a trabalhar na empresa onde fez carreira durante 40 anos. Começou como aprendiz, e sente que foi uma lição para a sua vida. “Hoje continuo a dizer aos jovens: não se desvalorizem mesmo que não tenham estudos. Valorizem-se por aquilo que temos vontade de fazer, porque temos vontade de mostrar o que somos. Ninguém é superior a mim, mas também ninguém é inferior a mim. Eu tive a sorte de entrar numa empresa familiar onde os valores humanos eram bastante importantes e, quando comecei a trabalhar como aprendiz evolui com o tempo, sempre em formação, e acabei como chefe de atelier, que era o posto de maior importância e que eu gostava de ter”. Beatriz dirigia e exportava trabalhos, numa empresa de fundição. “Num meio de homens, foi bastante valioso para mim porque tive de mostrar duas vezes mais a minha capacidade, porque era mulher e emigrante, num país estrangeiro. Foi difícil, mas foi uma grande paixão. Cheguei a ajudar jovens na inserção profissional”.


Beatriz Peixoto casou em 1976 e partilhou com o seu marido o seu grande sonho e objectivo de vida: ter um carro, uma casa e um cantinho em Portugal. “Quando emigramos sentimo-nos inferiores no nível de vida. Com o grande apoio dos nossos pais, tanto ele como eu conseguimos valorizar o nosso trabalho. Conseguimos ter valores imobiliários que nos permite estar bem com as nossas pequenas reformas. O nosso trabalho permite-nos ter o sonho dos nossos filhos não passarem pelo que nós passamos”. É com base em valores humanos, como a amizade e a fraternidade que Beatriz tem assente a sua vida. Está eternamente ligada ao meio associativo da região onde mora. Criou a Associação Franco-Portuguesa da Juventude e a Federação das Comunidades Portuguesas da Normandie, tendo estado 27 ligada ao meio associativo. “Encontrei uma comunidade portuguesa, do Norte ao Sul de Portugal com muita humanidade, com muita coragem de vida, a participar, sem valores financeiros”. Para além do meio associativo português em França, Beatriz transmite a cultura portuguesa aos franceses, proporcionando o melhor de uma aliança franco-portuguesa. Organiza visitas a Portugal para grupos de franceses onde podem ver e explorar as tradições mais seculares do nosso país. “Para mim ser portuguesa é um grande orgulho, é o país que me viu nascer, mas para mim a França é o país que me deu o ser. Considero-me patriota, defendo o meu país, a língua, e esse é o meu combate, por uma língua que é pouco valorizada no meio europeu”. A mensagem que Beatriz Peixoto deixa a todos os portugueses vai no sentido político, de não deixarmos que a Europa caia, exercendo o nosso direito e dever de votar. “O que podemos fazer é votar e que sejamos mais humanos entre todos”.

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