Segunda-feira, Maio 6, 2024
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Jovens Portugueses de Valor – Entrevista ao jogador de futsal Michel Vaz

Michel Vaz é um jovem luxemburguês filho de pais emigrantes. Apesar de já ter nascido no Luxemburgo, não esquece as suas raízes portuguesas, mais propriamente de Amares, Braga, e de Alijó, Vila Real. Michel assistiu ao crescimento do futsal no país e hoje é o guarda-redes com mais títulos da modalidade, feito que dedica à equipa. Michel Vaz é um dos Jovem Portugueses de Valor para conhecer na Lusopress.

 

 

Quem é Michel Vaz? Como é que tudo começou?

Sou um jovem de 27 anos filho de pais portugueses e emigrantes. Nasci no Luxemburgo, mas não esqueço as origens e estou bastante ligado à comunidade portuguesa. Sou uma pessoa simples, alegre, humilde, trabalhadora e bastante ambiciosa, estando sempre pronto a ajudar o próximo.

Fiz os meus estudos no Luxemburgo, onde tirei um curso de Cozinha, área de que gosto bastante e pratico com paixão e dedicação. Esta paixão pela cozinha foi-me transmitida pela minha avó, ainda eu era um menino. Para mim, a cozinha é uma  forma de me exprimir e de partilhar momentos com amigos e familiares à volta de uma boa comida. 

 

O futsal sempre foi um objetivo ou surgiu sem estar à espera? 

O Futsal surgiu na minha vida ainda eu tinha 14 anos. Tudo começou como uma brincadeira de amigos. Participamos em torneios ocasionais porque na altura não havia campeonato de futsal. A modalidade ainda era desconhecida no Luxemburgo. 

Com o desenrolar do tempo, a paixão pelo futsal começou a crescer e decidi dedicar-me mais a este magnífico desporto. Acabei por aceitar o desafio de integrar uma equipa de futsal na Bélgica e de competir lá. E assim começaram os meus primeiros passos no mundo do futsal. 

Depois de uns anos na Bélgica, tive uma breve passagem de um ano pelo futsal francês. Ainda jovem e sem carta de condução, era complicado ir aos treinos e estar sempre presente. Esta situação não me agradava pois quando entro num projeto, gosto de me entregar a 100%.

 

Quando entro num projeto, gosto de me entregar a 100%.

 

Decidi então romper ligações com esse clube e voltar a jogar no Luxemburgo, onde estava a decorrer um campeonato não oficial organizado por elementos pioneiros do futsal do Luxemburgo. 

Passado algum tempo e com a insistência de várias pessoas, criou-se finalmente um campeonato oficial de futsal no Luxemburgo. Quando se concretizou, para mim foi lógico jogar! Depois de tanto investimento, tinha chegado o momento de desfrutar do prémio tão esperado: poder jogar um campeonato oficial no meu país e poder representá-lo da melhor forma na Liga dos Campeões.

Gostava de aproveitar da oportunidade para agradecer a esses mesmos pioneiros, que fizeram com que o futsal hoje pudesse estar ao nível que está. São eles Tiago Fernandes, Domenico Laporta, Filipe Costa, Luís Ramos e Remy Manso. A eles e a todo o comité de futsal, um grande obrigado.

 

É o guarda-redes de futsal mais titulado no Luxemburgo. Sente uma pressão acrescida quando entra em campo? 

Ser o guarda redes mais titulado do Luxemburgo não me faz sentir pressão de forma alguma. Esse estatuto está ligado ao meu palmarés e esse foi conquistado em equipa e não a título individual. Sem os meus colegas, nada disto seria possível.

É gratificante sentir-me recompensado pela entrega e dedicação e, sem dúvida, que os títulos ganhos acabam por dar uma outra notoriedade e visibilidade, mas não fazem de mim mais ou menos jogador.

 

Sem os meus colegas, nada disto seria  possível.

 

Em Portugal, o futebol continua a ser o desporto rei. Como é o público luxemburguês? Está mais aberto a outros desportos, como o futsal?  

Aqui no Luxemburgo, o futsal é um pouco como o irmão mais novo do futebol… Infelizmente, é uma modalidade que ainda não é levada muito a sério pela imprensa, pela federação e pelo Governo… Há muitas dificuldades em arranjar pavilhões, a obter ajudas e reconhecimento.

Há várias pessoas a trabalhar dia a noite para que o futsal seja reconhecido e tenha o seu devido valor. A modalidade tem crescido bastante e a chegada de atletas de fora só veio confirmar o bom trabalho realizado pelos clubes nos últimos anos. Agora só falta que os media dêem mais visibilidade ao futsal para poder chegar a mais gente e ser levado a sério. 

O Luxemburgo tem tudo para ser um país de referência europeia na modalidade de futsal: há vontade de trabalhar e já temos os pavilhões, só falta o apoio das pessoas certas.

 

Tem raízes em Amares, Braga, e Alijó, Vila Real. Que ligação mantém com estas regiões?  

Sim, tenho raízes em Amares da parte da minha mãe e em Pegarinhos, Alijó. Tenho bastante família em Portugal e mantenho a ligação com todos eles. Tento ir pelo menos 1 vez por ano de férias para ver a família. Nem sempre é possível, mas quando é gosto de lá ir. Nada melhor do que recolher-me por perto dos meus para recarregar baterias e estar pronto para enfrentar o dia a dia.

 

As condições de vida que nos são dadas no Luxemburgo acabam por nos fazer ficar. Isso, sem esquecer de onde vim e mantendo sempre bem alto o orgulho de ser português.

 

Portugal faz parte dos planos? 

Portugal é o país dos meus pais e é lá que estão as minhas raízes. Se gostava de lá viver? Sim, sem dúvida! Mas a estabilidade e condições de vida que nos são dadas aqui no Luxemburgo acabam por nos fazer ficar. Isso sem esquecer de onde vim e mantendo sempre bem alto o orgulho de ser português e de representar a nossa nação da melhor forma além fronteiras.



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