O 25 de Abril de 2025 ficará para sempre gravado na história de Portugal. Apesar dos três dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco, a Assembleia da República manteve a sua sessão solene.
Nesse dia especial, celebrou-se a Revolução dos Cravos e os 50 anos das primeiras eleições livres. Assim, no hemiciclo, participaram 34 antigos deputados constituintes, num momento carregado de simbolismo e emoção.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, chegou pontualmente à escadaria da Assembleia, recebido com honras militares. Embora não exibisse um cravo ao peito, entrou no Parlamento com o símbolo da Revolução na mão direita. Este 25 de Abril marcou a última vez que discursou no Parlamento enquanto chefe de Estado, um momento histórico que todos presenciaram com atenção.
Ainda antes do início da sessão, o ambiente tornou-se particularmente emotivo. O grupo coral juvenil do Instituto Gregoriano de Lisboa interpretou o hino nacional, criando uma atmosfera solene. Depois, a Assembleia aprovou, por unanimidade, um voto de pesar pela morte do Papa Francisco, reforçando a ligação entre o legado de paz do pontífice e os valores da Revolução.
Esquerda condena adiamento das celebrações
Durante os discursos, as bancadas parlamentares mostraram visões diferentes sobre o estado atual da democracia. À esquerda, o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o PCP, o Livre e o PAN condenaram o adiamento das celebrações oficiais. Defenderam, acima de tudo, a importância de proteger a liberdade, a igualdade e a justiça social conquistadas em abril.
Pedro Nuno Santos acusou o Governo de desprezar a data, enquanto Mariana Mortágua alertou para a ascensão dos novos fascismos. Já António Filipe reforçou a luta pelos direitos sociais e Isabel Mendes Lopes incentivou à participação cívica. Por sua vez, Inês Sousa Real recordou que a verdadeira ameaça à liberdade vem da perda dos valores de abril.
Direita apela ao voto a 18 de maio
À direita, os discursos apelaram ao voto nas eleições de 18 de maio. Paulo Núncio, do CDS-PP, enalteceu a estabilidade política como pilar da democracia. Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, destacou a necessidade urgente de reformas liberais. André Ventura, do CHEGA, criticou duramente a corrupção e a insegurança, apelando a uma mudança firme. Teresa Morais, do PSD, reforçou a importância de combater a desinformação e de proteger os direitos fundamentais.
Marcelo: “Viva a liberdade, viva a democracia, viva Portugal!”
José Pedro Aguiar-Branco, presidente da Assembleia da República, encerrou a sessão com um alerta claro. Sublinhou que a crise da democracia decorre da incapacidade de apresentar soluções concretas. Insistiu que os políticos devem ser construtores da realidade, e não apenas espectadores.
Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa, num discurso emocionado, associou os valores do Papa Francisco aos ideais do 25 de Abril. Defendeu que liberdade, justiça e solidariedade continuam essenciais. Terminou com palavras que ecoaram por todo o Parlamento: “Viva a liberdade, viva a democracia, viva Portugal!”.
Já depois da sessão solene evocativa do 25 de Abril na Assembleia da República ter sido dada por encerrada pelo Presidente da AR, ouviu-se “Grândola, Vila Morena”.
À semelhança do ano passado, os deputados do Chega abandonaram o plenário. Enquanto os deputados das bancadas do PS, BE, PCP e Livre e da parlamentar do PAN, empunharam os cravos distribuídos pelos lugares no hemiciclo, juntamente com alguns parlamentares do PSD e membros do Governo. Cantaram aos capitães de Abril presentes nas galerias.
Foi, sobretudo, um momento emotivo com o propósito de mais uma vez reconhecer e agradecer pela liberdade conquistada naquele 25 de Abril de 1974.
