O Douro & Porto Wine Festival voltou a animar Lamego em 2025 com dois dias repletos de sabores, música e experiências únicas. Entre fogo de chão, vinhos premiados e concertos ao ar livre, o evento conquistou visitantes de todas as idades, afirmando-se como um dos grandes momentos culturais do verão português.
Gastronomia ao vivo e receitas com alma
Desde logo, o ambiente foi marcado por uma forte ligação entre tradição e inovação. Este ano, o festival voltou a crescer, tanto em dimensão como em diversidade. Segundo Renato Cunha, curador da gastronomia, “nesta edição podemos esperar um evento cada vez mais consolidado e consistente”.
Um dos destaques mais comentados foi a introdução da técnica tradicional do fogo de chão, que trouxe um regresso às origens da cozinha portuguesa. Nesse contexto, nove chefs cozinharam ao ar livre, utilizando potes de ferro e utensílios antigos. “Este é o novo luxo. O luxo não é ostentação, é o uso das memórias”, explicou Renato Cunha. “Recuperar os potes antigos é proporcionar uma experiência sensorial e emocional.”
Além disso, a interação entre os cozinheiros revelou um verdadeiro espírito de partilha. Enquanto uns apresentavam os seus pratos, os restantes ajudavam nas preparações, criando um ambiente cooperativo. Dessa forma, o público pôde não só provar pratos criativos e reconfortantes, como também acompanhar todo o processo culinário.
De igual modo, os sabores apresentados reforçaram o lado afetivo da gastronomia. O chef Fabrice Alvarez, por exemplo, preparou milhos com javali num pote de ferro, recriando receitas com raízes profundas. “Sinto-me abençoado. Estamos a homenagear os nossos antepassados com pratos que contam histórias a cada colherada”, afirmou.
Cartaz de qualidade surpreende a cada nova edição
Enquanto isso, a música ecoava junto ao rio, criando uma atmosfera única. O cartaz musical de 2025 manteve a aposta em nomes sonantes, tanto nacionais como internacionais. James Morrison apresentou o seu novo álbum e single, enquanto Vanessa da Mata deu início à sua nova digressão europeia. “Vanessa da Mata estreia aqui a sua nova tour e James Morrison vem com novidades fresquinhas”, revelou João Sá de Carvalho, da organização.
Por outro lado, artistas como Joana Almirante e Nena trouxeram um projeto country descontraído que cativou o público. “É super divertido. Quando estamos juntas é quase só para curtir e fazer um show fixe”, disse Joana.
Um festival com experiências para toda a família
Além da música e da gastronomia, o festival destacou-se também pela sua atmosfera familiar. “Apesar do estereótipo de um festival ligado ao vinho, estamos a falar de um evento muito familiar”, afirmou João Sá de Carvalho. Assim, o evento atraiu não só o turismo interno, mas também muitos visitantes estrangeiros interessados em descobrir a origem dos produtos do Douro. “Queremos que as pessoas venham conhecer a região onde nascem alguns dos melhores vinhos do mundo”, reforçou.
Nesse sentido, a Wine Village assumiu um papel de destaque, reunindo alguns dos melhores produtores da região. A Quinta da Pacheca, por exemplo, marcou presença com provas de vinhos e diversas atividades. “Teremos preciosos néctares a serem servidos e boa animação garantida”, assegurou Sandra Dias, Direção Geral de Hotelaria no Pacheca Group. Consequentemente, quem visitou a quinta pôde participar em workshops de cocktails, experiências sensoriais, arte com cortiça e até pintura com vinho — as célebres winarelas, criadas pelo artista residente Óscar Rodrigues.
Entretanto, também os músicos se deixaram envolver pela energia do festival. O irreverente S. Pedro, minutos antes de atuar, comentou com humor: “Vai haver autenticidade. A paisagem e as provas de vinho vão ajudar a relaxar.”
Por fim, o Douro & Porto Wine Festival 2025 demonstrou, mais uma vez, que é possível unir tradição, criatividade e emoção num só evento. Como resumiu Renato Cunha, “o segredo está em despertar memórias”. E foi exatamente isso que os visitantes levaram consigo: o sabor, o som e a alma do Douro.
