A vila francesa de Thorigny-sur-Marne, situada nos arredores de Paris, encheu-se de emoção ao acolher uma celebração vibrante da cultura portuguesa. Desde o início, sentiu-se no ar um ambiente especial de partilha e identidade. De facto, o evento, organizado pela Confraria de Azeite de Thorigny em parceria com a Câmara Municipal, reuniu cerca de uma centena de pessoas num espaço marcado pela familiaridade e acolhimento. Tornou-se assim num verdadeiro ponto de encontro da comunidade luso-francesa.
A protagonista da noite foi, sem dúvida, a fadista Tereza Carvalho, cuja voz intensa e presença cativante conquistaram o público do primeiro ao último acorde. Além disso, a sua atuação criou momentos de forte emoção, que permaneceram na memória de todos os presentes.
A noite foi apresentada por Luís Machado, que guiou os presentes através de uma viagem musical marcada pela saudade e paixão típicas do fado. O presidente da câmara, Manuel Da Silva, mostrou-se visivelmente emocionado com o sucesso da iniciativa. “Sonhava há muito com este momento. E tê-lo concretizado com casa cheia e tanta energia positiva é verdadeiramente gratificante”, confessou.
Tereza Carvalho: emoção e talento em palco
Tereza Carvalho é um nome reconhecido no meio luso-francês. No final do concerto, partilhou a sua gratidão: “É sempre especial cantar para a comunidade portuguesa em França. Esta noite foi mágica. O público esteve connosco do início ao fim, cantou, sorriu e sentiu cada palavra.”
Por outro lado, a artista explicou que o repertório foi pensado para agradar a todos. Desde fados tradicionais a temas mais animados, houve assim espaço para diversas emoções. “É essencial adaptar o alinhamento ao público. Cada atuação é única”, afirmou.
Tereza sublinhou ainda o prazer de atuar ao lado de dois músicos de referência: o maestro Manuel Miranda, na guitarra portuguesa, e Adriano Dias, na viola de fado. “São companheiros de palco incríveis. Com eles, tudo flui naturalmente”, acrescentou.
Uma iniciativa com raízes na comunidade
O evento foi fruto de um trabalho conjunto entre a Confraria de Azeite e a autarquia local. Gilberto Mota, presidente da associação, também realçou o objetivo principal: “Mais do que música, queremos criar momentos de união e fortalecer os laços da nossa comunidade.”
A celebração do fado não foi, de todo, um caso isolado. Pelo contrário, insere-se numa visão mais ampla de dinamização cultural e comunitária. Gilberto Mota revelou ainda um projeto ambicioso: a plantação de um olival comunitário com cem oliveiras, oferecido simbolicamente à vila. “Já temos muitas árvores vendidas. Quem quiser pode comprar uma oliveira e colocar o seu nome junto a ela”, explicou.
Desta forma, este novo olival não será apenas um espaço verde. Na verdade, irá incluir um percurso sensorial com plantas aromáticas, como hortelã, alecrim e tomilho, aberto a visitas escolares e atividades educativas. Com isso, pretende-se criar uma ligação entre as novas gerações e as tradições da terra. O objetivo é, portanto, envolver os mais jovens e transmitir o valor da natureza, da cultura portuguesa e da sustentabilidade.
Em suma, a noite de fado em Thorigny-sur-Marne provou que, mesmo longe de Portugal, a alma lusitana continua viva. Como disse Tereza Carvalho, “o fado sente-se, canta-se e vive-se. E nunca morrerá”.
