Sexta-feira, Março 29, 2024
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Lídia Sales foi condecorada, a título póstumo, pelo Presidente da República

Foi na Igreja São João de Deus, em Lisboa, durante as cerimónias fúnebres, que Marcelo Rebelo de Sousa revelou a familiares e amigos a intenção de condecorar Lídia Sales, a título póstumo, com a Medalha da Ordem de Mérito. Nesse mesmo dia, e numa receção no Palácio de Belém, a Medalha foi entregue ao marido José Gomes de Sá. Foram muitos os amigos que fizeram questão de marcar presença na cerimónia, lembrando e assinalando a obra feita por Lídia Sales.

Marcelo Rebelo de Sousa começou por justificar, no seu discurso, a sua intenção.

“Era minha intenção, já de algum tempo, pensando que a nossa Lídia resistiria, como estava a resistir ao longo dos meses e dos anos, entregar-lhe pessoalmente. Tenho a certeza que para ela seria uma grande alegria, o galardão por uma vida de trabalho ao vosso serviço. Ao vosso e ao nosso.”

“É evidente que o José Gomes de Sá, ele próprio tem o seu mérito. Talvez o seu maior mérito tenha sido escolher a Lídia para companheira de vida. Ao escolhê-la, formaram uma dupla invencível e que pôde fazer aquilo que não é seguro que ele sozinho fizesse.”

“Quando a conheci, já lá vão muitos anos, ainda não era Presidente da República, percebi logo que ela era o esteiro daquele marido, daquela família, daquele projeto, daquela obra e daquela família mais ampla, como dizia à pouco na Igreja São João de Deus, que é a família dos portugueses que vivem em Paris, que vivem em França e de muitos que vivem por todo o mundo.”

“Ela foi fundamental para pôr de pé o projeto, era incansável. Houve fases heroicas, a do nascimento e crescimento do projeto, fases difíceis, como quando a comunidade começou a mudar, e foi preciso novas ideias como os Portugueses de Valor. Essa ideia permitiu dar uma nova vida a juntar à vida anterior.”

“Eu percorria o mundo e lá estava a Lusopress. Onde quer que eu fosse, lá estava a Lusopress, a cobrir com câmara e microfone, fosse no Brasil, nos Estados Unidos, em África ou noutros países europeus. Recordo o episódio de 2016, do guarda-chuva na festa da Rádio Alfa, e a Lusopress lá estava”.

“A Lídia era a alma disto tudo. O Gomes de Sá fazia, mas quem é que estava permanentemente a pensar, a telefonar, a apoiar, a inspirar, a dar força?”

“Ainda há poucos dias, muitos dos presentes estiveram comigo no Museu dos Coches. Nesse dia soubemos que a nossa querida Lídia tinha piorado e tinha sido internada. Não era a primeira, nem segunda nem quarta vez. Uma e outra vez falei com ela à distância e de cada vez que tinha um período mais difícil, acreditávamos piamente que ela ia vencer. Porque ela é uma vencedora. Verdadeiramente, venceu aquilo que era o essencial na sua vida. Pôs de pé uma obra ao serviço dos nossos compatriotas espalhados pelo mundo. Foi esta a obra de vida dela. Dedicou a isso a sua vida”.

“Entregar-lhe hoje a Condecoração que ela receberia em vida, entregar o mais próximo possível porque ela está viva na nossa memória, está viva naquilo que é o nosso desígnio de futuro. Ela, neste momento, está lá em cima a dizer ‘têm de continuar. A obra não para.’”

“A razão de ser da obra não só existe, como é cada vez mais óbvia. Somos mais espalhados pelo mundo, somos mais influentes. Olho à volta e vejo tantos e tantas amigas que eu me lembro do que foi a sua vida e vejo onde chegaram prestigiando Portugal. Esta causa é cada vez mais importante. É preciso que haja quem comunique. As comunidades mudam, há novos problemas a surgir”.

“A obra do nosso amigo José e da nossa amiga Lídia tem de continuar. Esta condecoração é um agradecimento à Lídia por uma vida dedicada a Portugal. Mas é também uma espécie de compromisso que todos assumimos de não deixar cair essa obra. Seria uma traição à Lídia. Finalmente, esta é uma condecoração para todos vós”.

“Nós somos um grande país por causa de todos vós. Cada um de vós deve ser como a Lídia. E a Lídia simboliza cada um e cada uma de vós. Esta condecoração não substitui outras já dadas no passado ou a dar no futuro, mas que simboliza unificando a gratidão àquelas e àqueles que tornam Portugal grande lá fora. Esta homenagem ainda bem que é prestada neste dia, neste momento, para que na vossa memória fique este dia como um dia de grande desgosto, de grande gratidão e de grande compromisso”.

“De grande desgosto porque partiu do convívio físico connosco uma grande amiga. De grande gratidão porque nunca lhe poderemos agradecer aquilo que ela fez. De grande compromisso porque o compromisso é recomeçar a caminhada. Tudo no mesmo dia. Por isso, a vida é feita de morte e de vida. Termina um ciclo, começa um novo, mas a obra e a causa são a mesma: tornar maior Portugal.”

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