O Partido Socialista apresentou, em Paris, a sua candidatura às eleições legislativas pelo círculo da Europa. Emília Ribeiro, figura reconhecida pela comunidade portuguesa em França, lidera assim uma lista composta exclusivamente por emigrantes, destacando-se ainda a forte presença feminina. “Esta é uma lista feita por quem vive os problemas na pele. Somos todos emigrantes, conhecemos as dificuldades das comunidades e queremos dar-lhes resposta”, afirmou a candidata durante a sessão de apresentação.
Com mais de quatro décadas de envolvimento no associativismo e na vida política local, Emília Ribeiro traz consigo uma longa experiência de trabalho com as comunidades portuguesas em França.
Residente naquele país desde 1972, explicou, em seguida, que a sua ligação à emigração é também pessoal: “Sou emigrante portuguesa residente em França, filha de emigrantes desde 1972. Sou mãe de lusodescendentes e também avó”. Recordou ainda os tempos em que a emigração era vivida com muitas dificuldades: “Antes de Portugal entrar na União Europeia, tudo era mais difícil. Lutámos por coisas básicas como o reagrupamento familiar e o ensino em português para os nossos filhos”.
O seu percurso profissional também reflete esse compromisso com o serviço à comunidade. Trabalhou, por exemplo, 42 anos numa multinacional financeira, onde chegou a diretora de gabinete da presidência, e atualmente é vice-presidente da Câmara Municipal de Les Ulis, com responsabilidades nas áreas da saúde, população idosa e relações internacionais.
Uma lista feita por quem conhece os desafios no terreno
Emília Ribeiro fez questão de distinguir a sua candidatura das restantes, sublinhando que todos os elementos da lista residem fora de Portugal. “Ao contrário da AD, que não apresenta candidatos emigrantes como nós, a lista do PS é formada por residentes fora de Portugal”, destacou. Para a candidata, esta proximidade com a realidade das comunidades portuguesas no estrangeiro é essencial para garantir uma representação autêntica e eficaz.
O programa da candidatura inclui propostas que refletem essa ligação ao terreno, como o reforço da rede consular, a melhoria do voto à distância e a criação de um plano estratégico para a diáspora. “Queremos reforçar o diálogo com representantes das comunidades, eleitos locais, investigadores, empresários e agentes culturais”, acrescentou.
Ensino da língua portuguesa como pilar
Um dos pilares centrais do programa é a valorização do ensino da língua portuguesa no estrangeiro. Emília Ribeiro considera que “transmitir a língua portuguesa aos nossos filhos e netos é manter o elo com Portugal e valorizar o investimento que fizemos no nosso país”. Para a candidata, este é um passo essencial para garantir a continuidade cultural e afetiva entre as novas gerações e o seu país de origem.
Apoio à candidatura dentro do PS
A candidatura de Emília Ribeiro recebeu, simultaneamente, o apoio de várias figuras de relevo dentro do Partido Socialista. Assim, António Oliveira, secretário-coordenador da secção de Paris-IDF, destacou a importância de apostar numa liderança feminina: “A Emília Ribeiro é, antes de mais, uma mulher. E eu considerei que o PS, sendo um partido progressista, deve dar o exemplo. Acredito que, neste momento, colocar uma mulher à frente é uma forma clara de assumir esse exemplo”.
Também Marta Temido, eurodeputada e ex-ministra da Saúde, elogiou a lista liderada por Emília Ribeiro. “Esta lista tem uma característica única: a natureza das pessoas que a integram. E quem melhor do que a Emília Ribeiro, para encabeçar esta candidatura?”. Para a eurodeputada, esta é “uma lista progressista, feminista e de futuro”, que defende os valores do partido e reforça a presença das comunidades portuguesas no debate político nacional.
Propostas para responder aos desafios da diáspora
Durante a apresentação da candidatura, Emília Ribeiro detalhou igualmente várias propostas prioritárias. “Vamos apoiar quem deseja voltar para Portugal, garantindo que o ‘Programa Regressar’ seja mais acessível, tanto para os ativos como para os reformados. Para os pensionistas, propomos um programa específico, com medidas fiscais justas e soluções para o acesso aos cuidados de saúde”, afirmou.
Sobre o voto eletrónico, deixou claro que o PS defende uma abordagem responsável. “Não temos medo do voto dos emigrantes, ao contrário do que se ouve por aí. Não seguimos cegamente a proposta do voto eletrónico”. E acrescentou assim: “Foi o PS que instituiu o recenseamento automático dos emigrantes, o que fez aumentar o número de eleitores de cerca de 300 mil para mais de um milhão e meio”.
“Não temos medo do voto dos emigrantes, ao contrário do que se ouve por aí”
Em relação aos serviços consulares, frisou assim a urgência de melhoria: “Queremos reforçar substancialmente a rede consular, melhorando os agendamentos e os atendimentos, algo que preocupa muito os portugueses no estrangeiro. Para isso, é necessário dotar os consulados dos recursos humanos adequados”.
Uma voz firme na Assembleia da República
Segundo Emília Ribeiro, a diáspora portuguesa tem um papel essencial nas decisões políticas em Portugal. “Candidato-me à Assembleia da República porque acredito ter a capacidade e a motivação para representar as comunidades portuguesas”, declarou.
Para além de defender os interesses dos que vivem fora, quer também preparar os futuros emigrantes antes da partida: “Pretendo dialogar com deputados, promover consensos e aprovar leis e orçamentos que respondam às necessidades da diáspora. Quero ainda preparar os futuros emigrantes antes da partida, antecipando dificuldades em matéria de habitação, saúde, emprego e escolaridade, para garantir uma integração bem-sucedida”.
Em suma, com uma visão clara e uma trajetória de compromisso com a comunidade, Emília Ribeiro apresenta-se como uma voz preparada e determinada para representar os portugueses da Europa no Parlamento. “Acredito que a diáspora tem um papel determinante nas decisões políticas em Portugal e é por isso que quero estar na Assembleia da República: para fazer valer essa voz e pôr em prática o nosso programa”, concluiu.
