No dia 12 de outubro, a comunidade emigrante sernancelhense reuniu-se num jantar convívio histórico, na sala Vasco da Gama, perto de Paris.
Cerca de 300 pessoas, provenientes da região de Sernancelhe, participaram no evento, organizado pela Câmara Municipal, com o propósito de reforçar os laços culturais e afetivos com a sua terra de origem.
Logo à entrada, o ambiente era de grande entusiasmo. Amigos e familiares, vindos de várias partes de França, incluindo cidades como Toulouse, partilharam histórias e recordações. Ao mesmo tempo, o som das conversas em português, com o inconfundível sotaque sernancelhense, encheu a sala, criando uma atmosfera que transportava os presentes de volta a Portugal, mesmo estando longe.
Encontro de gerações
Carlos Santos, presidente da Câmara de Sernancelhe e filho de emigrantes, foi uma figura central da noite. Orgulhoso por concretizar este evento, que há muito idealizava, destacou a importância do encontro. “Sempre desejei promover um convívio como este, onde os sernancelhenses, mesmo estando longe, pudessem celebrar a ligação com a nossa terra”, disse. Santos frisou ainda que este tipo de iniciativa já acontece noutros países, como a Suíça, e que chegou a hora de reunir os emigrantes sernancelhenses em França.
A noite não se limitou à nostalgia. Para além de permitir que os emigrantes matassem saudades da terra, o evento também promoveu os produtos típicos de Sernancelhe. Primeiramente, a castanha de Martaínha, conhecida pela sua qualidade, foi uma das estrelas da noite. “Queremos que os nossos emigrantes se orgulhem das nossas tradições e dos produtos que a nossa terra oferece”, afirmou Carlos Santos.
Por outro lado, para muitos dos presentes, este encontro representou um regresso emocional às suas raízes. José Agostinho Aguiar, presidente da Assembleia Municipal de Sernancelhe, não escondeu a emoção ao ver tantos conterrâneos juntos. “Ao longo dos meus 25 anos na política local, foi a primeira vez que vi tantos emigrantes do nosso concelho reunidos”, partilhou, sublinhando a importância de eventos como este para fortalecer os laços com a diáspora.
Renovar ligações às origens
O antigo presidente da câmara, Carlos Silva, também destacou o valor histórico do encontro, considerando-o um marco para o município. “Este evento junta os nossos maiores embaixadores em França: os emigrantes”, afirmou. Reforçou igualmente o papel crucial que estas pessoas desempenham na preservação da identidade e cultura sernancelhense.
Um dos grandes desafios mencionados por Carlos Santos foi garantir que as novas gerações de emigrantes mantenham contacto com as suas raízes. “As segundas e terceiras gerações precisam de continuar a sentir-se ligadas à cultura. E também e à língua portuguesa”, alertou o autarca, destacando a importância de iniciativas culturais que mantenham viva a ligação a Sernancelhe.
Além de reforçar os laços culturais, o jantar-convívio serviu para promover parcerias económicas entre Sernancelhe e os emigrantes. “Muitos ocupam hoje posições importantes em empresas francesas. E queremos criar sinergias que beneficiem tanto Sernancelhe como Portugal”, referiu o presidente da câmara. Por outro lado, realçou que as oportunidades de negócios que podem surgir através destes encontros.
José Cesário, secretário de Estado para as Comunidades, elogiou o papel das câmaras municipais na promoção das tradições das comunidades emigrantes. “Eventos como este demonstram que as nossas comunidades continuam vivas e dinâmicas no estrangeiro”, sublinhou.
No final da noite, o sentimento de união prevaleceu e ficaram promessas de novos encontros no futuro.
